Matar alguém choca qualquer pessoa dita comum. Fazê-lo de forma premeditada, e acompanhada de suicídio, tentando atingir o máximo de vítimas possível, em nome de uma causa ideológica ou religiosa causa mais que isso, causa terror coletivo. Para as sociedades ocidentalizadas, liberais e individualistas os atos terroristas extremistas geram incompreensão. Como explicar isto? Porque o fazem? Nessa busca por explicação ficamos baralhados, pois tentamos encontrar razões segundo o nosso próprio sistema de valores humanista. Talvez esse seja um aspeto difícil de ultrapassar para tentar começar a explicar a problemática do terrorismo no ocidente.

Matar alguém choca qualquer pessoa dita comum. Fazê-lo de forma premeditada, e acompanhada de suicídio, tentando atingir o máximo de vítimas possível, em nome de uma causa ideológica ou religiosa causa mais que isso, causa terror coletivo. Para as sociedades ocidentalizadas, liberais e individualistas os atos terroristas extremistas geram incompreensão. Como explicar isto? Porque o fazem? Nessa busca por explicação ficamos baralhados, pois tentamos encontrar razões segundo o nosso próprio sistema de valores humanista. Talvez esse seja um aspeto difícil de ultrapassar para tentar começar a explicar a problemática do terrorismo no ocidente.

Estamos perante uma banalização do mal? Quando nos deslocamos a uma qualquer grande cidade temos de ter em conta que pode começar a ser banal ocorrer um atentado terrorista? Mas não uso a expressão por isso. Uso-a para invocar Hannah Arendt, a reflexão que escreveu sobre o julgamento de Eichmann, responsável nazi pela logística e processos de extermínio de judeus nos campos de concentração durante a 2.ª Guerra Mundial.

Tentando ser o mais racional possível, pois por pouco não foi também vítima desses campos, Arendt apresenta Eichmann como uma “pessoa banal” e não como um mostro maquiavélico e maléfico em toda a sua essência. Para ela, Eichmann era apenas um ser, como tantos outros, que o totalitarismo nazi desumanizou por lhe ter retirado a capacidade de questionar e pensar. Simplesmente executava, tentando fazer o mais e melhor possível, obedecendo ao Reich — o que para ele era a atitude correcta e justa a tomar. Por essa razão, uma pessoa banal, como Eichmann, foi capaz de crimes monstruosos contra a humanidade.

Provavelmente, no caso do terrorismo islâmico, estaremos também perante uma “banalidade do mal”. Estes indivíduos poderão ter sofrido o mesmo processo, sendo pessoas comuns a quem foi extraída a capacidade de pensamento crítico, fazendo delas armas capazes de crimes hediondos. Assim, o problema poderá relacionar-se muito com as circunstâncias, uma vez que a mais banal das pessoas poderá, desse modo, cometer o mais vil dos crimes.

Isto fará com que tenhamos de repensar o modo de intervenção, combatendo para que as pessoas não se desumanizem, não percam a capacidade de pensar por si. Mas também sabemos que para se afirmarem como seres pensantes individuais, há condições sociais e materiais que têm de ser garantidas a qualquer pessoa dita banal.

Caso contrário podem tornar-se dependentes de influências às quais, segundo os nossos valores, apelidamos de “mal”. Mas claro, voltando ao início, os valores humanistas que tendemos a assumir podem ser apenas uma “banalização do bem”, sem que reflictamos realmente sobre eles, especialmente por haver quem não os assuma como valores universais. Porque não aprofundamos e questionamos sobre a razões dessa não aceitação? Talvez só depois desta auto-reflexão possamos combater o terrorismo anti humanista de outro modo.

Texto escrito segundo o novo Acordo Ortográfico.