Perda da Ryanair leva Portway a despedir cerca de 200 trabalhadores

Operadora de handling admite uma reestruturação que poderá afectar “8% a 10%” dos funcionários.

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Empresa emprega mais de duas mil pessoas actualmente PÚBLICO/Arquivo

A perda do cliente Ryanair, que representava um terço das receitas, vai levar a operadora portuguesa de handling Portway a despedir cerca de 200 trabalhadores. O número, porém, ainda não está completamente fechado, visto que a dimensão da reestruturação vai depender das alternativas que a empresa está a tentar encontrar para fazer face ao fim do contrato com a companhia de baixo custo.

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A perda do cliente Ryanair, que representava um terço das receitas, vai levar a operadora portuguesa de handling Portway a despedir cerca de 200 trabalhadores. O número, porém, ainda não está completamente fechado, visto que a dimensão da reestruturação vai depender das alternativas que a empresa está a tentar encontrar para fazer face ao fim do contrato com a companhia de baixo custo.

A decisão foi anunciada nesta quarta-feira, em conferência de imprensa. No comunicado, a Portway admite que, perdendo a Ryanair, "não pode deixar de proceder a um reajustamento para continuar a ser uma companhia eficiente, competitiva e sustentável, garantindo a segurança dos postos de trabalho à enorme maioria dos seus 2165 colaboradores".

A empresa garante que reduziu "ao mínimo indispensável a reestruturação a implementar em termos de redução de postos de trabalho", mas avança que o ajustamento vai afectar entre "8% a 10%" dos funcionários, ou seja, cerca de 200 pessoas. No entanto, este patamar só será assegurado "caso seja possível garantir a conversão a tempo parcial de um conjunto determinado de postos de trabalho", frisa o comunicado.

De entre as alternativas que a Portway encontrou para mitigar os impactos do fim do contrato com a Ryanair está a possibilidade de garantir aos trabalhadores "prioridade no processo de admissão" a efectuar pela companhia low cost no Porto e em Lisboa, onde passará ela própria a fazer esta operação (selfhandling), à semelhança do que acontecerá a partir da próxima semana em Faro e do que já acontece em Ponta Delgada.

Além disso, a operadora de handling, que faz parte do grupo ANA, admite que os trabalhadores de Faro "poderão vir a ser integrados numa bolsa de recrutamento para complementar a necessidade de mão-de-obra nas épocas de maior tráfego aéreo, e naturalmente para preencher as vagas geradas pelo crescimento de actividade esperada para os próximos anos".

Esta decisão foi comunicada nesta quarta-feira aos sindicatos, que, desde que se soube que a Ryanair iria cessar o contrato com a Portway, têm vindo a público alertar para os seus impactos. Está, aliás, agendado um plenário em Faro para quinta-feira, durante o qual poderão ser decididas formas de protesto.

A dependência que a operadora de handling foi mantendo com a companhia low cost é uma das razões do descontentamento, embora tivesse sido este mercado que permitiu que a Portway crescesse exponencialmente nos últimos anos, roubando terreno à rival Groundforce.

No entanto, e durante muitos anos, estas duas empresas, embora concorressem directamente, pertenceram ao mesmo accionista: o Estado. Em 2013, a Portway passou a ser privada, depois de a ANA ter sido comprada pelo grupo francês Vinci. E a Groundforce foi comprada em 50,1% pelo grupo Urbanos, em 2012, permanecendo o restante capital na TAP (que hoje também é maioritariamente controlada por privados).

A Ryanair já admitiu no passado que tinha conseguido negociar valores muito competitivos com a Portway, inclusive com descontos sobre as taxas aplicadas pela empresa. Mas, agora, opta pelo selfhandling, como tem acontecido noutros mercados, quando a operação atinge maior dimensão.