Souto de Moura assina primeiro hotel de cinco estrelas do Alqueva
A propriedade de Reguengos de Monsaraz não perdeu o seu carácter eminentemente rural e agrícola, mantendo a produção de gado bovino
Foi uma grande propriedade agrícola, que no século XIX chegou a ter 50 famílias ali a residir e a trabalhar o ano inteiro; tinha capela, sala de aulas e praça de touros. Agora a herdade de São Lourenço do Barrocal, na família de José António Uva há 200 anos, lança-se numa nova etapa, transformando-se num “hotel de luxo despretensioso”, com 40 unidades de alojamento, restaurante, spa, adega e centro hípico, entre outras valências.
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Foi uma grande propriedade agrícola, que no século XIX chegou a ter 50 famílias ali a residir e a trabalhar o ano inteiro; tinha capela, sala de aulas e praça de touros. Agora a herdade de São Lourenço do Barrocal, na família de José António Uva há 200 anos, lança-se numa nova etapa, transformando-se num “hotel de luxo despretensioso”, com 40 unidades de alojamento, restaurante, spa, adega e centro hípico, entre outras valências.
Localizado a dois passos da barragem do Alqueva, no concelho de Reguengos de Monsaraz, o novo e primeiro hotel de cinco estrelas na zona resulta de um projecto de revitalização da antiga herdade de 780 hectares, num investimento de nove milhões de euros. A inauguração oficial teve lugar no dia 18, com presença do ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, e da secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho.
O projecto de recuperação dos edifícios foi desenhado pelo arquitecto Eduardo Souto de Moura, que, segundo José António Uva, fez uma intervenção “muito cuidada”. Os espaços “têm agora novas funções” mas “mantêm a sua personalidade, carácter e essência, que é a arquitectura popular do Alentejo”, defendeu em declarações à agência Lusa o administrador da empresa promotora e membro da oitava geração da família proprietária da herdade desde o século XIX.
Os interiores, com decoração assinada por AnahoryAlmeida, reforçam essa ligação ao passado histórico da herdade embora com uma roupagem moderna, onde “uma curadoria criteriosa de antigas peças de mobiliário pontua os interiores contemporâneos, relembrando outros tempos e outras famílias que aqui viveram”, lê-se no site oficial.
Propriedade rural e agrícola
Ao todo, o complexo turístico oferece 40 unidades de alojamento: 22 quartos, duas suítes, uma casa com um quarto, 13 moradias com dois quartos e duas com três; todas com terraço privativo. O hotel integra ainda um restaurante (aberto todos os dias, entre as 7h30 e as 24h, com “cozinha de inspiração regional alentejana”, que “assenta num conceito de trazer à mesa o melhor da produção agrícola da própria propriedade, bem como dos produtores locais”); sala de reuniões e bar (localizados no edifício do antigo lagar de azeite); um spa (com quatro salas de tratamento, uma sala de hidroterapia em banheira de cedro, estúdio para aulas e ginásio); um espaço para crianças; piscina exterior com bar de apoio e cavalariças (com oito boxes e picadeiro).
A propriedade não perdeu, contudo, o seu carácter eminentemente rural e agrícola, mantendo a produção de gado bovino, aveia, azeite e vinho, integrando um laranjal e ainda uma nova horta biológica com três hectares, onde são cultivados alguns dos legumes, frutas e ervas aromáticas utilizados no restaurante e à venda na loja. Neste espaço, que procura reproduzir “o espírito das mercearias de outros tempos”, será possível adquirir não só os produtos feitos na herdade (vinho, azeite, conservas, patés, escabeches e produtos da horta), mas também iguarias regionais, como queijos, charcutaria, compotas e têxteis.
Já na adega, criam-se os “vinhos de marca exclusiva” da herdade, tendo acesso directo a um espaço dedicado ao enoturismo, com sala de provas, laboratório e garrafeira (as visitas guiadas e sessões de prova são realizadas pela enóloga residente, Patrícia Batista). Na extensa herdade existem ainda vestígios do período do Neolítico, incluindo 16 dólmenes e um menir.
O novo empreendimento — que inicialmente também previa a construção de casas para turismo residencial — é promovido pela empresa São Lourenço do Barrocal, da família proprietária da herdade e da família de António Menano, e custou nove milhões de euros, dos quais cerca de 5,5 milhões foram atribuídos por apoios comunitários.