União Europeia: "Au revoir mes amis!"
Frexit? Sim, chegou agora a vez de os franceses porem em cima da mesa uma possível saída da União Europeia
1950. A Europa encontra-se em recuperação de duas guerras mundiais devastadoras, sendo urgente encontrar uma solução de paz unificadora e duradoura. Surge então a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, começando a unir económica e politicamente os países europeus. Os seus fundadores foram seis: Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Itália e Luxemburgo. Sete anos volvidos o Tratado de Roma instituía a Comunidade Económica Europeia (CEE).
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
1950. A Europa encontra-se em recuperação de duas guerras mundiais devastadoras, sendo urgente encontrar uma solução de paz unificadora e duradoura. Surge então a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, começando a unir económica e politicamente os países europeus. Os seus fundadores foram seis: Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Itália e Luxemburgo. Sete anos volvidos o Tratado de Roma instituía a Comunidade Económica Europeia (CEE).
Longe vão os tempos das alianças e a União Europeia assemelha-se cada vez mais a uma (des)União Europeia. A braços com um possível Brexit, entretanto acautelado, satisfazendo as exigências dos britânicos, os líderes europeus podem agora enfrentar um novo problema: o Frexit. Sim, chegou agora a vez de os franceses porem em cima da mesa uma possível saída da União Europeia.
Num estudo realizado recentemente pela Universidade de Edimburgo, que procurou medir quais os países europeus que estariam mais abertos a uma saída da União Europeia, 53% dos franceses indicaram que gostariam que o assunto fosse referendado a nível nacional. Este é mesmo o número mais elevado dos dados recolhidos, com Suécia e Espanha a surgirem em segundo e terceiro lugares, respetivamente.
Apesar de serem apenas dados estatísticos, ainda que prematuros, mostram uma tendência recente de desilusão dos cidadãos europeus para com as políticas europeias, sobretudo por parte do povo francês. A subida da Frente Nacional, de Marine Le Pen, acentua cada vez mais esta propensão, dado que a líder da extrema-direita francesa é uma das principais vozes contra o modelo atual da União Europeia.
Após satisfazer as pretensões do Reino Unido, afigura-se mais uma possível luta para garantir a sustentabilidade da União Europeia. A França, enquanto membro fundador, é uma das principais vozes ativas e decisivas nas políticas europeias, sendo que a sua saída poderia fazer ruir o modelo europeu tal como o conhecemos. Para além disto, o crescimento da extrema-direita anti-União Europeia, um pouco por toda a Europa, mas sobretudo em França, aumenta esta desconfiança e dúvida para com a organização europeia.
Desta forma, o panorama europeu afigura-se cada vez mais cinzento. A juntar à crise dos refugiados e dos migrantes, bem como à polémica provável entrada da Turquia na União Europeia, esta promete ser mais uma batalha que vai fazer correr muita tinta e que vai exigir muitas cedências e jogos políticos de parte a parte. Fará sentido uma União Europeia sem a França? Até que ponto, a saída de um país preponderante na manobra europeia não poderá provocar um efeito dominó, acabando de vez com o projeto europeu?