Vários tubarões no Estreito da Florida
Castro deu o exemplo de Diana Nyad para mostrar que é possível atravessar o estreito da Florida.
Foi no início de 2013 que Barack Obama, secretamente, autorizou conversações de alto nível para tentar restaurar as relações diplomáticas entre EUA e Cuba, com a bênção do Vaticano. Quando, em Dezembro de 2013, numa cerimónia em Joanesburgo em memória de Nelson Mandela, o Presidente norte-americano apertou a mão ao seu homólogo cubano, já muita coisa se tinha passado nos bastidores. Algo de importante estava a acontecer e o aperto de mão não se resumia a um gesto de cortesia, como a história se encarregaria de mostrar um ano mais tarde.
Em Dezembro de 2014, os EUA e Cuba surpreenderam o mundo ao anunciarem o retomar das relações diplomáticas. De um lado, o Presidente dos EUA reconheceu que era chegado o tempo de “experimentar uma nova abordagem”. Em Havana, Raúl Castro discursava em simultâneo a prometer “encontrar soluções” para ultrapassar os problemas entre os dois países, separados pelos escassos 150 quilómetros do Estreito da Florida. Aliás, esta segunda-feira, Raúl Castro deu Diana Nyad – que fez várias tentativas e por fim conseguiu fazer a nado o percurso entre a Florida e Cuba, sem uma jaula para a proteger dos tubarões – como o exemplo de uma mensagem de união que importa passar. A aproximação ficaria selada com Cuba a concordar libertar Alan Gross e seis meses mais tarde, em meados de 2015, as bandeiras de Cuba e dos EUA seriam hasteadas nas embaixadas de Washington e Havana.
A visita de Barack Obama esta semana a Cuba, a primeira de um presidente dos EUA desde 1928, é mais um pequeno passo no “descongelamento” da relação entre os dois países, mas está longe de ser a consumação de uma normalização de relações. O anúncio de que a Google vai facilitar o acesso à Internet na ilha ou de que a multinacional Starwood já terá fechado um negócio para explorar dois hotéis em Havana são sinais positivos, mas que estão longe de ser o fim de um embargo anacrónico que continua a asfixiar uma economia onde o salário médio não passa dos 28 dólares por mês (24,90 euros). O Presidente americano anunciou voos comerciais, a retoma dos cruzeiros e o acesso mais facilitado ao dólar, mas Obama sabe que nesta matéria continua refém de um Congresso cuja maioria lhe é hostil.
Na conferência de imprensa, quer Castro, quer Obama assumiram claramente o que ainda os separa. Castro não teve papas na língua e pediu aos EUA que “devolvam o território ilegalmente ocupado pela base de Guantánamo” e Obama não fez de conta que Cuba era um exemplo na questão dos direitos humanos e não alinhou na hipocrisia de Castro, que pediu que lhe apresentassem a lista dos prisioneiros políticos para os libertar imediatamente. Desde o início de 2013 que Cuba e os EUA já deram imensas braçadas na direcção certa, mas o embargo económico, Guantánamo e a questão a violação de liberdades fundamentais em Cuba continuam a ser uma espécie de tubarões no Estreito da Florida.
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Foi no início de 2013 que Barack Obama, secretamente, autorizou conversações de alto nível para tentar restaurar as relações diplomáticas entre EUA e Cuba, com a bênção do Vaticano. Quando, em Dezembro de 2013, numa cerimónia em Joanesburgo em memória de Nelson Mandela, o Presidente norte-americano apertou a mão ao seu homólogo cubano, já muita coisa se tinha passado nos bastidores. Algo de importante estava a acontecer e o aperto de mão não se resumia a um gesto de cortesia, como a história se encarregaria de mostrar um ano mais tarde.
Em Dezembro de 2014, os EUA e Cuba surpreenderam o mundo ao anunciarem o retomar das relações diplomáticas. De um lado, o Presidente dos EUA reconheceu que era chegado o tempo de “experimentar uma nova abordagem”. Em Havana, Raúl Castro discursava em simultâneo a prometer “encontrar soluções” para ultrapassar os problemas entre os dois países, separados pelos escassos 150 quilómetros do Estreito da Florida. Aliás, esta segunda-feira, Raúl Castro deu Diana Nyad – que fez várias tentativas e por fim conseguiu fazer a nado o percurso entre a Florida e Cuba, sem uma jaula para a proteger dos tubarões – como o exemplo de uma mensagem de união que importa passar. A aproximação ficaria selada com Cuba a concordar libertar Alan Gross e seis meses mais tarde, em meados de 2015, as bandeiras de Cuba e dos EUA seriam hasteadas nas embaixadas de Washington e Havana.
A visita de Barack Obama esta semana a Cuba, a primeira de um presidente dos EUA desde 1928, é mais um pequeno passo no “descongelamento” da relação entre os dois países, mas está longe de ser a consumação de uma normalização de relações. O anúncio de que a Google vai facilitar o acesso à Internet na ilha ou de que a multinacional Starwood já terá fechado um negócio para explorar dois hotéis em Havana são sinais positivos, mas que estão longe de ser o fim de um embargo anacrónico que continua a asfixiar uma economia onde o salário médio não passa dos 28 dólares por mês (24,90 euros). O Presidente americano anunciou voos comerciais, a retoma dos cruzeiros e o acesso mais facilitado ao dólar, mas Obama sabe que nesta matéria continua refém de um Congresso cuja maioria lhe é hostil.
Na conferência de imprensa, quer Castro, quer Obama assumiram claramente o que ainda os separa. Castro não teve papas na língua e pediu aos EUA que “devolvam o território ilegalmente ocupado pela base de Guantánamo” e Obama não fez de conta que Cuba era um exemplo na questão dos direitos humanos e não alinhou na hipocrisia de Castro, que pediu que lhe apresentassem a lista dos prisioneiros políticos para os libertar imediatamente. Desde o início de 2013 que Cuba e os EUA já deram imensas braçadas na direcção certa, mas o embargo económico, Guantánamo e a questão a violação de liberdades fundamentais em Cuba continuam a ser uma espécie de tubarões no Estreito da Florida.