BCE sugere estímulo do investimento público em países como Portugal
Logo a seguir à Croácia, Portugal é dos países onde o investimento público mais caiu nos últimos anos.
O Banco Central Europeu (BCE) considera que o investimento público face ao Produto Interno Bruto (PIB) está na Europa em mínimos e sugere a alguns países, incluindo Portugal, que o estimulem, mas mediante uma cuidadosa selecção dos projectos.
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O Banco Central Europeu (BCE) considera que o investimento público face ao Produto Interno Bruto (PIB) está na Europa em mínimos e sugere a alguns países, incluindo Portugal, que o estimulem, mas mediante uma cuidadosa selecção dos projectos.
Num artigo no novo boletim económico do BCE, hoje publicado, a instituição precisa que a seguir à Croácia, Portugal foi o país onde mais caiu o investimento público em relação ao PIB.
Liderada pela Croácia e Portugal, a lista onde o investimento público face ao PIB mais caiu fica completa com a Grécia, Espanha, Chipre e Irlanda, com todos os Estados incluídos a terem necessidades notáveis de consolidação orçamental e que foram penalizados pelos mercados.
No artigo no novo boletim económico do BCE, a instituição diz que "o investimento público na Europa caiu nos últimos anos, o que a leva a pedir para estimular o investimento público no actual ambiente de baixas taxas de juro".
"Desde a crise, o investimento público caiu numa série de países europeus, particularmente naqueles que estiveram pressionados pelos mercados", referem os autores do estudo Marien Ferdinandusse, Alessandro Giovannini e Ígor Vetlov.
Em contrapartida, na Bélgica, Alemanha e Áustria - que tinham níveis relativamente baixos de investimento público antes da crise - o investimento público face ao PIB não caiu nem aumentou.
O investimento público face ao PIB aumentou nalguns países do Leste da União Europeia (UE), que beneficiaram com os fundos de coesão devido à integração como a Letónia, Polónia, Roménia e Bulgária.
O BCE adverte que se se mantiverem os baixos níveis de investimento público durante um período de tempo prolongado pode produzir-se uma deterioração do capital público e uma diminuição da produção a longo prazo.
Um acréscimo do investimento público financiado com dívida tem efeitos positivos na procura com pouco efeito na taxa de endividamento se os projectos de investimento forem seleccionados com cuidado, segundo os autores, que usaram modelos de simulação para os cálculos.
Estimular o investimento público é uma forma de aumentar a procura a curto prazo e a produção potencial.
Contudo, o BCE recorda que as posições orçamentais de muitos países da UE continuam a ser precárias e o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) exigem uma maior consolidação orçamental em muitos destes países.
Em nove países da UE, designadamente Bulgária, Alemanha, Espanha, França, Itália, Luxemburgo, Polónia, Eslováquia e Reino Unido, garantiram cerca de 43.000 milhões de euros para co-financiar projectos do Fundo Europeu de Investimento Estratégico para mobilizar investimento privado, mas nenhum contribuiu directamente para o capital do fundo.
O denominado Plano Juncker é um pacote de medidas para gerar entre 2015 e 2017 investimento público e privado na economia real por, pelo menos, 315.000 milhões de euros, 2% do PIB da UE em 2015. O investimento público e privado caiu nos anos posteriores à crise financeira e à crise da dívida soberana.