Um palavrão inglês
Afastamento é bom mas a tradução mais clara PARA impeachment é despedimento.
No PÚBLICO fala-se da destituição da Presidente brasileira. Mas, quando se vai aos jornais brasileiros, todos eles falam em impeachment.
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No PÚBLICO fala-se da destituição da Presidente brasileira. Mas, quando se vai aos jornais brasileiros, todos eles falam em impeachment.
A palavra parece muito americana mas, não tendo nada a ver com pêssegos, tem a ver com o verbo francês empêcher (do latim impedicare): impedir. Um impeachment poderia então ser um impedimento.
O Dicionário Inglês-Português de Antônio Houaiss traduz impeachment assim: “denúncia, acusação; impugnação; censura; descrédito, depreciação; (Ing.)processo por alta traição julgado pela Câmara dos Pares; (EUA) processo de alto magistrado da nação, por crime, infração, atitude indigna do cargo”.
Impeachment também poderia ser desautorização. A Constituição dos EUA fala de traição, suborno e perjúrio como razões para destituir qualquer funcionário civil dos EUA mas depois introduz a ambígua e famosíssima classificação “High Crimes and Misdemeanors”: altos crimes e delitos (menores). É muito confuso mas dá muito jeito.
No jornal O Globo, por exemplo, uma explicação cuidadosa do “processo de impeachment” tem o sub-título “Possível afastamento de Dilma é analisado”.
Afastamento é bom mas a tradução mais clara é despedimento, já que é de um despedimento que se trata. O processo é averiguar se há provas para mostrar que existe justa causa. Quando Richard Nixon se demitiu para não ser empessegado a palavra demissão lembrou logo o velho estratagema de dizer “não, não são vocês que me despedem: sou eu que me demito”.