Câmara de Lisboa e donos do Tokyo e Europa procuram novos locais
Autarquia e os proprietários das discotecas têm reunido mas ainda nada está definido.
Os donos das discotecas Tokyo e Europa, em risco de fechar no Cais do Sodré, estão, com a Câmara de Lisboa, à procura de espaços alternativos na cidade para instalar as discotecas, pois apenas o Jamaica permanecerá onde está.
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Os donos das discotecas Tokyo e Europa, em risco de fechar no Cais do Sodré, estão, com a Câmara de Lisboa, à procura de espaços alternativos na cidade para instalar as discotecas, pois apenas o Jamaica permanecerá onde está.
“Estamos a contar com a ajuda da Câmara e estamos também nós a fazer uma procura no mercado com o objectivo de arranjar espaços alternativos para o Tokyo e o Europa”, disse hoje à agência Lusa o dono do primeiro estabelecimento e do Jamaica, Fernando Pereira.
Falando a propósito das reuniões tidas esta semana com os proprietários do edifício onde estão situadas estas discotecas míticas de Lisboa, na Rua Nova do Carvalho, com a autarquia e com o grupo francês que adquiriu o prédio para o transformar num hotel, Fernando Pereira indicou que "ainda não está nada previsto", apenas que só o Jamaica se deverá manter ali.
O responsável recordou, contudo, que para abrir o Tokyo (que tem música ao vivo) e o Europa (dedicado à música electrónica) noutra zona da cidade, "é preciso investir muito dinheiro nesse novo espaço", razão pela qual os donos contam com o dinheiro que irão receber das indemnizações dos proprietários.
Segundo Fernando Pereira, estes "são projectos que se conseguem mexer e arrastam as pessoas [para outra zona] pelo projecto em si".
"Tanto funcionam no Cais, como junto ao rio ou em Santos", exemplificou.
No início deste mês, os arrendatários Fernando Pereira (Jamaica e Tokyo) e Pedro Vieira (Europa) divulgaram que os senhorios lhes comunicaram a denúncia dos seus contratos de arrendamento, com efeito a partir de 14 de Abril, obrigando-os a deixar o prédio onde os seus espaços se encontram.
Apesar de saber que "mais cedo ou mais tarde" haveria obras no edifício, reivindicadas pelos próprios há décadas, os responsáveis contavam com "uma interrupção dos espaços ou um agravamento do valor das rendas", sem terem de sair dali, de acordo com Fernando Pereira.
No seu entender, as discotecas podem manter-se em funcionamento durante e após a reabilitação.
Fernando Pereira afirmou ainda que vai exigir "que se mantenha o mesmo contrato de arrendamento" feito para o Jamaica, visto que se houver um novo "perdem-se direitos".
Ao mesmo tempo, o dono da discoteca de reggae quer um "novo valor de arrendamento a estipular entre as partes, que se assemelhe aos valores de mercado", entre os dois mil e os três mil euros, quando agora paga "à volta de 200 euros" mensais.
Lembrando que foi interposta uma acção contra os proprietários, e cuja sentença deverá ser conhecida em breve, Fernando Pereira disse pretender que "o valor da indemnização [de 200 mil euros] seja reflectido nos primeiros anos de renda".
Esta acção deve-se a uma derrocada que ocorreu há cerca de cinco anos no edifício e que obrigou ao encerramento das discotecas durante as obras de reabilitação.
Também o Tokyo pediu uma indemnização de cerca de 60 mil euros.
O Europa ainda não o fez, "mas vai fazê-lo mais à frente" enquadrado no actual processo de despejo, adiantou Fernando Pereira.
Para a madrugada de sábado, entre as 00h e a 01h, foi organizada por clientes uma manifestação com instrumentos musicais em frente aos estabelecimentos.