Diário Económico avança para pedido de insolvência
Administração diz que foram “esgotadas” todas as alternativas para encontrar uma solução de curto prazo para a situação financeira da empresa.
A administração do Diário Económico avançou com um pedido de insolvência da sociedade ST&SF, proprietária do jornal, que nesta sexta-feira publicou a sua última edição em papel e que mantém a partir de agora apenas o site e o canal de televisão Económico TV. Na direcção editorial do projecto deverão estar Mónica Silvares e Filipe Alves, segundo apurou o PÚBLICO.
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A administração do Diário Económico avançou com um pedido de insolvência da sociedade ST&SF, proprietária do jornal, que nesta sexta-feira publicou a sua última edição em papel e que mantém a partir de agora apenas o site e o canal de televisão Económico TV. Na direcção editorial do projecto deverão estar Mónica Silvares e Filipe Alves, segundo apurou o PÚBLICO.
A proprietária do jornal, detida pelo grupo Ongoing, já estava em processo especial de revitalização (PER), tendo agora pedido em tribunal para converter o processo numa insolvência. Além da ST&SF, também a holding do grupo dono do jornal, a Ongoing Strategy Investments, está em PER, tendo sido nomeado administrador de insolvência Fernando Silva e Sousa.
Os trabalhadores foram informados da decisão nesta sexta-feira pela administração, que considera que a insolvência é “o quadro legal que melhor protege os interesses dos trabalhadores”, que estão com salários em atraso. Num comunicado interno, a que o PÚBLICO teve acesso, a administração refere que estão “esgotadas todas as alternativas para encontrar uma solução de curto prazo para a situação económico-financeira” do jornal, depois de tentadas, “até ao limite, todas as hipóteses para encontrar um comprador.
Com a conversão do PER numa insolvência, será nomeado um administrador de insolvência (actualmente já tinha sido escolhida Maria Paula Ribeiro Mattamouros Resende, mas no âmbito do PER). A administração explica que a essa figura caberá elaborar um “relatório para que a assembleia de credores delibere sobre a manutenção da empresa, no todo ou em parte, da conveniência de se aprovar um plano de insolvência ou de se proceder à liquidação e partilha da massa insolvente”. À assembleia de credores caberá também decidir se a actividade da empresa se mantém ou se encerra.
Por ora, a administração explica que, “enquanto não for deliberado o encerramento do estabelecimento, os trabalhadores que mantenham contratos de trabalho continuarão obrigados à prestação de trabalho”. Os que deixam de ter “objectivamente função a executar” por causa do fim da edição em papel estão dispensados “de presença na empresa”, ainda que o vínculo de trabalho se mantenha. Antes de um eventual encerramento definitivo, o administrador de insolvência poderá despedir os trabalhadores “cuja colaboração não seja indispensável ao funcionamento da empresa”, lembra ainda a administração.
Enquanto estiver em processo de insolvência o administrador nomeado deve “satisfazer integralmente as obrigações com os trabalhadores até ao encerramento definitivo do estabelecimento (caso ocorra), usando os recursos disponíveis da sociedade”.
Se o fecho se concretizar, as formalidades deverão ser idênticas às do “despedimento colectivo com as devidas adaptações, havendo lugar a compensações pecuniárias” e acesso ao fundo de desemprego, refere a administração no mesmo comunicado aos trabalhadores.
A empresa está em graves dificuldades de liquidez e, perante a falta de dinheiro para pagar despesas correntes, chegou a ter receitas penhoradas pelo fisco. O Diário Económico está com o pagamento de salários em atraso há vários meses. Alguns jornalistas passaram a trabalhar a partir de casa. Mas a edição em papel nunca deixou de sair. A excepção foi no dia seguinte a uma greve de 24 horas, cumprida a 10 de Março, dias depois da demissão da direcção de Raúl Vaz.
A última edição impressa do jornal foi para as bancas nesta sexta-feira, na qual a direcção editorial demissionária agradece aos leitores, parceiros e anunciantes. E à redacção, que, enfatizam os directores, “tem demonstrado um espírito de missão e uma capacidade de trabalho que merece ser salientada”. Para a primeira página foi escolhida uma foto de um aperto de mão com a palavra “Obrigado”.
O jornal, fundado em 1989, é líder de vendas na imprensa económica (a tiragem no final do ano passado era de 13.195 unidades, segundo dados da APCT, a Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação). No online o jornal teve sete milhões de visitas em Janeiro, segundo o ranking do Netscope.