Distribuição desafia produtores de leite a adaptarem-se às novas tendências
Agricultores acusam as cadeias de distribuição de dificultar o acesso aos produtos portugueses. APED responde que está na “primeira linha do apoio à produção nacional”.
A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) lembrou nesta quinta-feira que o consumo de produtos lácteos está em queda (desceu 6,7% entre 2011 e 2014) e desafiou os produtores a adaptarem-se às novas especificidades e tendências do mercado.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) lembrou nesta quinta-feira que o consumo de produtos lácteos está em queda (desceu 6,7% entre 2011 e 2014) e desafiou os produtores a adaptarem-se às novas especificidades e tendências do mercado.
A APED recorre aos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), que indicam que o consumo de leite e derivados, por habitante, caiu 6,7% em Portugal entre 2011 a 2014, enquanto a produção manteve os mesmos valores, para concluir que a solução para o sector passa por se adequar às “novas especificidades do mercado e tendências do consumo nacional”.
A APED salienta ainda, no mesmo comunicado, que as importações de leite caíram 33% entre 2011 e 2014 e tinham um peso de 17% no total do consumo em 2014. A reacção da APED surge na sequência de uma carta aberta que a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) dirigiu aos intervenientes da fileira do leite, acusando a distribuição de dificultar o acesso dos consumidores ao leite e produtos lácteos.
Na missiva, a APROLEP contestou “a ausência de resposta concreta das cadeias de distribuição Pingo Doce e Continente” e acusava a APED de não apresentar medidas concretas para reduzir as importações de produtos lácteos, estimadas em 500 milhões de euros. Os agricultores defendem a necessidade de as cadeias de distribuição comprarem mais leite nacional e exigem regras concretas para a rotulagem de origem do leite.
A APED destaca que a distribuição tem privilegiado sempre a comercialização de produtos nacionais “e tem estado na primeira linha do apoio à produção nacional”, remetendo para o Governo e entidades europeias a resolução das questões relacionadas com o funcionamento do mercado nacional e europeu.
O sector do leite nacional e europeu tem enfrentado sérias dificuldades devido ao fim das quotas leiteiras e aos efeitos do embargo russo sobre os produtos agrícolas europeus que dificultaram o escoamento da produção, traduzindo-se num excesso de oferta face à procura.
Na última segunda-feira, quatro associações de agricultores mobilizaram-se num protesto em Matosinhos conta a crise no sector. A manifestação passou em frente a duas grandes superfícies comerciais da região e, no mesmo dia, a APED também tomou uma posição, demarcando-se das dificuldades dos produtores de leite (e dos suinicultores) e sublinhando que o problema deve ser resolvido com a intervenção das autoridades nacionais e europeias.