Diário Económico acaba com edição em papel
Empresa enfrenta graves dificuldades financeiras. Site e canal de televisão vão manter-se por enquanto. Última edição em papel sai nesta sexta-feira.
O Diário Económico vai deixar de ter edição em papel, mantendo apenas o site e o canal de televisão Económico TV. A última edição impressa sai nesta sexta-feira. A decisão foi anunciada pela administração aos trabalhadores nesta quinta-feira. A notícia, avançada pelo Expresso, já foi confirmada pelo PÚBLICO.<_o3a_p>
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O Diário Económico vai deixar de ter edição em papel, mantendo apenas o site e o canal de televisão Económico TV. A última edição impressa sai nesta sexta-feira. A decisão foi anunciada pela administração aos trabalhadores nesta quinta-feira. A notícia, avançada pelo Expresso, já foi confirmada pelo PÚBLICO.<_o3a_p>
A holding do grupo que detém o jornal, a Ongoing Strategy Investments, está em processo especial de revitalização (PER) de empresas devido às dificuldades financeiras que o grupo atravessa, há meses a debater-se com problemas de liquidez e falta de dinheiro para despesas correntes.
Os trabalhadores estão com salários em atraso e, na semana passada, perante a “ausência de soluções para os constrangimentos às condições de trabalho”, a direcção editorial do jornal acabou por apresentar a demissão.
“Tenho imensa pena que não tenha sido encontrada uma solução, que pedi em tempo útil”, afirmou nesta quinta-feira ao PÚBLICO o director demissionário, Raúl Vaz, na sequência da decisão da administração de terminar com a publicação do jornal em papel.
Na carta enviada à administração na semana passada, Raúl Vaz e os subdirectores Bruno Faria Lopes, Francisco Ferreira da Silva e Tiago Freire pediam que fossem tomadas “decisões relativas ao futuro da direcção do Económico”. Já antes tinham pedido à administração que encontrasse uma resposta urgente. A indefinição sobre o futuro do jornal já durava há meses, à procura de um comprador; em Dezembro do ano passado, a empresa chegou a ter receitas penhoradas pelo fisco; e com pagamentos de salários em atraso, alguns jornalistas passaram a trabalhar a partir de casa.
Foi neste quadro de dificuldades que a direcção editorial acabou por apresentar a demissão, a 8 de Março, dizendo não haver condições para continuar a assegurar a qualidade do projecto. O fim da edição impressa (o jornal é publicado de segunda a sexta-feira) chegou nove dias depois.
Há uma semana, na última quinta-feira, os trabalhadores fizeram uma greve de 24 horas. A Económico TV continuou no ar, mas no dia seguinte a edição do jornal não foi para as bancas, nem houve notícias publicadas no site. No dia da greve, os trabalhadores estiveram concentrados em protesto à porta do edifício do jornal, em Alcântara, Lisboa.
O jornal, fundado em 1989, é líder de vendas na imprensa económica (a tiragem no final do ano passado era de 13.195 unidades, segundo dados da Apct, a Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação). No online o jornal também está à frente do Jornal de Negócios (em Janeiro teve sete milhões de visitas, segundo o ranking do Netscope).