O melhor filme LGBT de sempre é de 2015 – Carol, de Todd Haynes
O filme nomeado para seis Óscares e que nenhum venceu encima a lista do British Film Institute, que inclui Almodóvar, Gus Van Sant, Visconti ou Fassbinder.
As opiniões de mais de 100 peritos foram contabilizadas e apesar da força de clássicos de Pedro Almodóvar, Gus Van Sant, Visconti ou Fassbinder, o melhor filme LGBT de sempre é mesmo Carol, de Todd Haynes. A lista de 20 filmes, compilados pelo British Film Institute (BFI) por ocasião do 30.º aniversário do seu festival de cinema com temas ligados à comunidade lésbica, gay, transgénero e bissexual, abarca títulos que recuam aos anos 1930 e títulos tão recentes quanto o elogiado filme com Cate Blanchett e Rooney Mara, de 2015.
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As opiniões de mais de 100 peritos foram contabilizadas e apesar da força de clássicos de Pedro Almodóvar, Gus Van Sant, Visconti ou Fassbinder, o melhor filme LGBT de sempre é mesmo Carol, de Todd Haynes. A lista de 20 filmes, compilados pelo British Film Institute (BFI) por ocasião do 30.º aniversário do seu festival de cinema com temas ligados à comunidade lésbica, gay, transgénero e bissexual, abarca títulos que recuam aos anos 1930 e títulos tão recentes quanto o elogiado filme com Cate Blanchett e Rooney Mara, de 2015.
A escolha de Carol, um filme com poucos meses e que esteve nomeado para seis Óscares, não surpreendeu a responsável pelos festivais do BFI, embora esteja a ser recebida com alguma surpresa por parte da imprensa especializada. “Está no mundo há menos de um ano e nem sequer conseguiu uma nomeação para o Óscar de Melhor Filme”, escreve a Indiewire, mas “Haynes é um cineasta absolutamente venerado dentro e fora dos círculos de cinema LGBT e este é um dos seus melhores filmes”, riposta Tricia Tuttle, do BFI, ao Guardian.
“Ver Carol entronizado desta maneira tão rapidamente desde a sua estreia é uma prova de como é apreciado e de como Todd Haynes é estimado como cineasta”, diz ainda a responsável pelos festivais da instituição, citada pelo diário britânico Independent.
Os filmes, com títulos que abarcam 84 anos de cinema, foram escolhidos por um conjunto de críticos, guionistas, cineastas, produtores e programadores ouvidos pelo BFI e que não tinham de ordenar as suas escolhas – por ter sido mencionado por 28 pessoas, Carol atingiu o topo da lista como o mais votado. Os votos individuais encontram-se disponíveis no site do BFI, alguns dos quais com comentários, a propósito de mais uma edição do festival BFI Flare.
Na lista final não há Derek Jarman (autor de Sebastiane ou Edward III), nem Bill Douglas (cuja trilogia autobiográfica é um referente no cinema LGBT), nem Milk (sobre o primeiro homem homossexual declarado a vencer uma eleição pública nos EUA, Harvey Milk), nem Xavier Dolan ou John Waters, entre outros. Mas o realizador Mark Cousins contrapôs no Guardian que a lista sublinha a importância de alguns títulos “centrais à arte do cinema” e que contrariam “a tendência de pensar na cultura LGBT como minoritária ou mesmo marginal”. Está a referir-se a títulos mais abaixo na lista, como Mulholland Drive (2001), de David Lynch, ou Tudo sobre a Minha Mãe (1999), de Almodóvar.
Carol ficou perto de Amor de Fim-de-Semana, de Andrew Haigh (2011), e de Felizes Juntos, de Wong Kar-Wai (1997), o segundo e terceiros da lista, cujo top 5 é completado por O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee (2005) e Paris is Burning, de Jennie Livingston (1990). Logo a seguir estão Febre Tropical (2004), de Apichatpong Weerasethakul, ou A Minha Bela Lavandaria, de Stephen Frears (1985), bem como Tudo Sobre a Minha Mãe, a curta clássica Um Cântico de Amor de Jean Genet (1950) e A Caminho de Idaho, de Gus Van Sant (1991). Vários filmes ficaram ex-aequo daí em diante na lista.
“Carol tem uma companhia ilustre entre tantos filmes que adoro, de O Segredo de Brokeback Mountain e Um Cântico de Amor a Felizes Juntos e A Caminho de Idaho”, reagiu Haynes, agradecendo a distinção.
O segundo filme mais importante na lista do BFI é também aquele que se encontra na ordem do dia – Amor de Fim de Semana foi banido numa série de cinemas em Itália, tendo sido considerado “não recomendado” e “indecente” pelo Vaticano (que é proprietário de uma série de pequenos cinemas dedicados à exibição de filmes alternativos ou independentes em Itália).
A lista completa:
Carol, de Todd Haynes
Amor de Fim de Semana, de Andrew Haigh
Felizes Juntos, de Wong Kar-Wai
O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee
Paris is Burning, de Jennie Livingston
Febre Tropical (2004), de Apichatpong Weerasethakul
A Minha Bela Lavandaria, de Stephen Frears
Tudo Sobre a Minha Mãe, de Pedro Almodóvar
Um Cântico de Amor, de Jean Genet
A Caminho de Idaho, de Gus Van Sant
Tangerine, de Sean Baker, As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, de Rainer Werner Fassbinder e A Vida de Adèle, de Abdellatif Kechiche
Raparigas de Uniforme, de Leontine Sagan & Carl Froelich, Show Me Love, de Lukas Moodysson e Orlando, de Sally Potter
A Vítima, de Basil Dearden
Je, tu, il, elle, de Chantal Akerman
Looking for Langston, de Isaac Julien
Beau Travail, de Claire Denis, e Uma Bela Atracção, de Hettie Macdonald
O Desconhecido do Lago, de Alain Guiraudie, Teorema, de Pier Paolo Pasolini, The Watermelon Woman, de Cheryl Dunye, Pariah, de Dee Rees, Mulholland Drive, de David Lynch,
Portrait of Jason, de Shirley Clarke e Um Dia de Cão, de Sidney Lumet, Morte em Veneza, de Luchino Visconti, Pink Narcissus, de James Bidgood, Domingo, Maldito Domingo, de John Schlesinger, Maria-Rapaz de Céline Sciamma e O Funeral das Rosas, de Toshio Matsumoto