Tráfico de seres humanos com números "avassaladores"

Actualmente são conhecidas mais de 510 rotas distintas de tráfico de seres humano e, ao nível europeu, em 2015 foram reportadas mais de 30 mil vítimas de tráfico.

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Entre as vítimas reportadas na UE em 2015 há cerca de 1000 crianças, que são utilizadas para variados fins, como exploração sexual e laboral e mendicidade PÚBLICO/Arquivo

A ministra da Administração Interna classificou como “avassaladores” os números do tráfico de seres humanos, defendendo a necessidade de adequar as respostas políticas, económicas e sociais para combater este fenómeno, que fez 30 mil vítimas na Europa em 2015. "Os números do tráfico de seres humanos são tão avassaladores como são devastadores os seus efeitos", afirmou Constança Urbano de Sousa, na conferência "Tráfico de Seres Humanos - Prevenção, Protecção e Punição", promovida pela Ordem dos Advogados, que decorreu esta segunda-feira em Lisboa.

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A ministra da Administração Interna classificou como “avassaladores” os números do tráfico de seres humanos, defendendo a necessidade de adequar as respostas políticas, económicas e sociais para combater este fenómeno, que fez 30 mil vítimas na Europa em 2015. "Os números do tráfico de seres humanos são tão avassaladores como são devastadores os seus efeitos", afirmou Constança Urbano de Sousa, na conferência "Tráfico de Seres Humanos - Prevenção, Protecção e Punição", promovida pela Ordem dos Advogados, que decorreu esta segunda-feira em Lisboa.

Citando dados das Nações Unidas sobre droga e o crime, a ministra adiantou que actualmente são conhecidas mais de 510 rotas distintas de tráfico de seres humanos, sejam transnacionais, transregionais, regionais ou domésticas.

Por outro lado, ao nível europeu, em 2015 os Estados-membros reportaram mais de 30 mil pessoas vítimas de tráfico, das quais 1000 são crianças, que são utilizadas para variados fins, como exploração sexual e laboral e mendicidade, sublinhou. Da análise dos dados "resulta que nenhum país pode considerar-se hoje imune a este crime", frisou a ministra, lamentando que estes números se tenham mantido elevados ao longo das últimas décadas.

A ministra defendeu que "é necessário adequar as respostas políticas, económicas, sociais, o que constitui um grande desafio, considerando a complexidade e constante mudança inerente às sociedades actuais", associada à "elevada capacidade adaptativa e de mobilidade deste fenómeno criminoso".

À margem da conferência, a ministra disse ainda que, para se tentar erradicar paulatinamente este fenómeno, é preciso reforçar as políticas de prevenção da União Europeia e de cooperação entre os vários Estados-membros. "No contexto deste fenómeno que não conhece fronteiras, apenas uma intervenção muito estreita dos vários Estados poderá ter sucesso, pela conjugação de esforços e partilha de meios e de conhecimento", afirmou Constança Urbano de Sousa.

A ministra afirmou que, a nível nacional, a aposta deve ser sobretudo na execução do plano de prevenção e de combate ao tráfico de seres humanos. "A luta contra o tráfico de seres humanos faz-se também muito pela via da prevenção e através de uma abordagem holística que convoca não apenas a repressão criminal destes crimes que são hediondos, mas também todo o apoio social às vítimas", defendeu.

Segundo dados do relatório do Observatório do Tráfico de Seres Humanos (OTSH), o número de casos suspeitos de vítimas de tráfico de seres humanos diminuiu 36% em 2014, ano em que foram sinalizadas 197 vítimas.