Cartas à Directora
Marcelo imita o Papa Francisco
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Marcelo imita o Papa Francisco
O novo Presidente da República (PR), Marcelo Rebelo de Sousa (MRS), copia o estilo do Papa Francisco (PF) na comunicação directa e calorosa com o povo. Embora ambos sejam Chefes de Estado, os seus múnus são completamente diferentes, assentando melhor ao PF a afectividade e o informalismo do que a MRS, pela simples razão que Francisco é, não só um Chefe de Estado, mas também um líder espiritual que procura seguir o exemplo de Jesus Cristo. A República de MRS nada tem a ver com o "Reino de Deus" do PF.
A cópia do estilo do PF por MRS pode não ter mal nenhum, mas também pode ter, como vou demonstrar.
Consideremos MRS e PF apenas como Chefes de Estado, esquecendo a vertente espiritual do líder religioso. O PF está rodeado de uma Cúria cheia de vícios que ele denunciou e quer eliminar; pelo contrário, MRS vive rodeado de uma "Cúria" (Assembleia da República, Lei do financiamento dos partidos, Lei eleitoral, Constituição) cheia de vícios que ele não denunciou nem pretende corrigir e com que, pelo contrário, sempre pactuou. Tanto pela omissão como pela acção, MRS ajuda esta "Cúria" a manter-se viva e operacional. Nunca ouvi MRS denunciar, pelo menos com o mesmo vigor do PF, os pontos frágeis da nossa democracia (e que tanto Paulo Morais como Henrique Neto denunciaram). E mais: MRS é co-autor de uma Constituição que abre as portas à vida fácil da "Cúria". Portanto, neste contexto, a abertura, o afecto e a comunicação directa de MRS com o povo podem não ser mais do que uma demonstração de demagogia e populismo com que os políticos gostam de se acusar uns aos outros (depende da conveniência do momento) e com que nos vão mantendo como um povo pouco participativo, embrutecido e corrupto!
José Madureira, Porto
Abril, águas mil
“Temos de cicatrizar feridas destes tão longos anos de sacrifícios, no fragilizar do tecido social.” As palavras do sétimo presidente da República pós-25 de Abril são bem-vindas. Uma das formas de cicatrizar feridas é baixar o desemprego, aumentar salários e as pensões de reforma miseráveis! O presidente é bom comunicador, mas palavras leva-as o vento! Com a imaginação a preencher falhas de memória, a investidura do presidente Marcelo foi diferente. Contudo, a austeridade não terminou. Marcelo Rebelo de Sousa devia comemorar o 10 de Junho, no Canadá. Espero que a DBRS, agência de notação financeira canadiana não baixe o rating de Portugal. A DBRS tem sido amiga dos portugueses. Portugal tem que apresentar medidas adicionais ao Orçamento do Estado até Abril. Os portugueses vão levar mais um banho de impostos! Como reluz a máxima: “Abril, águas mil.”
Ademar Costa, Póvoa de Varzim