Os republicanos da capital dos EUA não gostam de Donald Trump
As primárias em Washington D.C. foram dominadas por Marco Rubio e John Kasich. Os candidatos que enfrentam a ala tradicional ficaram muito atrás nesta volta, mas continuam muito à frente na corrida.
Os candidatos à Presidência dos EUA tiveram este fim-de-semana o último treino antes de mais uma "Super Terça-feira" nas eleições primárias, com votações em locais pouco significativos. No lado do Partido Republicano, o favorito Donald Trump foi claramente derrotado na capital federal, Washington D.C., enquanto o seu principal rival, o senador Ted Cruz, dominou no estado do Wyoming.
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Os candidatos à Presidência dos EUA tiveram este fim-de-semana o último treino antes de mais uma "Super Terça-feira" nas eleições primárias, com votações em locais pouco significativos. No lado do Partido Republicano, o favorito Donald Trump foi claramente derrotado na capital federal, Washington D.C., enquanto o seu principal rival, o senador Ted Cruz, dominou no estado do Wyoming.
Foram votações com pouca visibilidade, numa altura em que toda a gente está com os olhos postos na terça-feira, 15 de Março, que poderá determinar se o Partido Republicano vai ficar também apenas com dois candidatos, à semelhança do que acontece no Partido Democrata.
Mas antes dos colossos Florida, Illinois, Missouri, Carolina do Norte e Ohio, os candidatos do Partido Republicano disputaram delegados na capital federal, no estado do Wyoming e na ilha de Guam – um território norte-americano que, como tal, pode escolher o candidato do partido mas não pode votar nas eleições gerais, em Novembro.
Ao contrário do que pode parecer à primeira vista, as eleições primárias na capital dos EUA não atraem muita atenção mediática, apesar de este ano terem posto à disposição dos candidatos do Partido Republicano 19 delegados – em comparação, o estado do New Hampshire, que foi muito falado no início de Fevereiro, tem 23 delegados.
Há duas explicações: por um lado, o número de eleitores do Partido Republicano na capital federal é irrelevante (há um para cada dez eleitores do Partido Democrata); por outro lado, numa campanha tão marcadamente anti-Washington, nenhum candidato quis passar muito tempo no símbolo daquilo que tanto diz desprezar.
Mas os 2839 eleitores que votaram nas primárias deste fim-de-semana em Washington D.C. gritaram bem alto a sua oposição a Donald Trump e a Ted Cruz, os dois maiores representantes da onda anti-establishment que tem varrido a campanha do Partido Republicano.
Como o Partido Republicano abriu a porta ao elefante que tem na sala
O vencedor foi o senador da Florida, Marco Rubio, que é visto agora como um representante da ala mais tradicional do partido. Rubio, que está em risco de abandonar a corrida na terça-feira, se perder as eleições no seu estado, teve 37,3% dos votos e ficou com dez delegados.
Atrás dele, muito perto, ficou o outro representante da ala mais tradicional do partido, o governador do Ohio, John Kasich – que também poderá sair da corrida terça-feira, se perder as eleições no seu estado. Kasich teve 35,5% e ficou com os restantes nove delegados.
Muito atrás ficaram Donald Trump (13,8%) e Ted Cruz (12,4%), que não ganharam nenhum delegado em Washington D.C. mas lideram destacados as primárias no seu partido – Trump tem 460 delegados e Cruz 369, contra os 163 de Rubio e os 63 de Kasich.
Na outra ponta dos Estados Unidos, no Wyoming, foi o senador Ted Cruz quem dominou, com 66,3% dos votos e nove delegados. Os restos ficaram para Marco Rubio (19,5% e um delegado); e Donald Trump (7,2% e um delegado). John Kasich saiu do estado de mãos a abanar e um 12.º delegado atribuído não está, por enquanto, obrigado a votar em nenhum dos candidatos.
O processo das primárias no Wyoming é ainda mais complicado do que no resto do país – dos 29 delegados atribuídos, apenas 12 estiveram em jogo este fim-de-semana; três são responsáveis do partido que não se comprometem com um voto em nenhum dos candidatos; e o sentido de voto dos restantes 14 só vai ser conhecido numa convenção marcada para 16 de Abril.
Este fim-de-semana também houve votações em dois territórios norte-americanos – o Partido Republicano votou em Guam e o Partido Democrata nas Ilhas Marianas do Norte (ou Marianas Setentrionais). No primeiro caso, os nove delegados em jogo não assumiram ainda o compromisso de votar em qualquer dos candidatos; no segundo caso, Hillary Clinton conquistou quatro delegados e Bernie Sanders ficou com dois – no total do Partido Democrata, Clinton tem agora 1231 delegados (incluindo o apoio de 465 superdelegados) e Sanders tem 576 (incluindo 25 superdelegados).
Os resultados deste fim-de-semana não alteram nada na corrida para a escolha dos nomes que vão representar o Partido Republicano e o Partido Democrata nas eleições gerais, em Novembro. Mas as primárias da próxima terça-feira podem ser um passo importante para se espreitar o resultado final.
No Partido Democrata, apesar da luta inesperada e incansável do senador Bernie Sanders, a vantagem do apoio dos superdelegados faz com que Hillary Clinton tenha apenas de ir igualando o seu adversário no resto das primárias (ganhando por muito ou perdendo por poucos, o facto de os delegados "normais" do Partido Democrata serem distribuídos de forma proporcional dá uma segunda vantagem a Clinton).
No lado do Partido Republicano, Donald Trump e Ted Cruz podem ficar sozinhos na corrida – as sondagens indicam que Marco Rubio não conseguirá vencer no seu estado da Florida, o que será um golpe fatal; e John Kasich também precisa de vencer no seu estado do Ohio. Ao contrário do que tem acontecido até agora, alguns estados (como a Florida e o Ohio) vão começar a entregar todos os seus delegados ao candidato que tiver mais votos e não de uma forma proporcional, o que deverá reforçar a vantagem de Donald Trump se as sondagens se confirmarem.