Cinco obras de Francis Bacon foram roubadas a um amigo do pintor em Madrid

As obras de arte avaliadas em 30 milhões de euros foram roubadas de casa de um espanhol amigo e herdeiro de Bacon, em pleno centro de Madrid. El País revela que tudo aconteceu há nove meses e nada ainda se sabe.

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Francis Bacon na Tate Gallery, em Londres, em 1985, na sua última grande exposição REUTERS/Brian Smith PN/CMC

O caso remonta a Junho do ano passado mas só agora é do conhecimento público, depois de uma investigação do diário espanhol El País, publicada neste domingo. Francis Bacon, que morreu em Madrid em 1992, aos 82 anos, passava muito tempo em Espanha, país onde tinha tantos amigos. Foi precisamente a um deles que roubaram há nove meses cinco obras de arte, avaliadas em 30 milhões de euros. Num dia normal, J. C. B., assim identifica o jornal o proprietário, saiu de casa e quando no mesmo dia regressou as obras já lá não estavam. O que aconteceu e o paradeiro das peças continua a ser um mistério por desvendar.

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O caso remonta a Junho do ano passado mas só agora é do conhecimento público, depois de uma investigação do diário espanhol El País, publicada neste domingo. Francis Bacon, que morreu em Madrid em 1992, aos 82 anos, passava muito tempo em Espanha, país onde tinha tantos amigos. Foi precisamente a um deles que roubaram há nove meses cinco obras de arte, avaliadas em 30 milhões de euros. Num dia normal, J. C. B., assim identifica o jornal o proprietário, saiu de casa e quando no mesmo dia regressou as obras já lá não estavam. O que aconteceu e o paradeiro das peças continua a ser um mistério por desvendar.

Um andar num condomínio privado na zona tranquila da Plaza de la Encarnación, a menos de 400 metros do Palácio Real de Madrid, foi o cenário daquele que pode ser um dos maiores roubos de arte contemporânea das últimas décadas em Espanha. Foi daqui que desapareceram, sem qualquer explicação, cinco obras – serão todas pinturas – de Francis Bacon, um dos maiores nomes da arte do século XX. Tudo aconteceu numa ausência momentânea do dono da casa. Foi um golpe rápido e limpo numa zona que é provavelmente das mais vigiadas da capital.

Apesar da vigilância na área, ninguém viu nada, ninguém ouviu nada, nem mesmo o porteiro do prédio de cinco andares, que não tem câmaras de segurança. O piso em questão, no entanto, estava protegido por um sistema de vigilância mas até a isso os ladrões terão conseguido dar a volta – o alarme foi desligado sem que que a empresa responsável pela segurança ou as autoridades recebessem qualquer alerta.

O caso está a ser investigado pela polícia espanhola e envolto num grande secretismo. O proprietário é referido no jornal apenas pelas iniciais J. C. B. e a sua idade, 59 anos, sabendo-se que é alguém que foi amigo do pintor e seu herdeiro. Sobre as obras em questão não há ainda qualquer informação. O El País fala de paisagens e retratos mas não identifica nenhum, referindo apenas que são trabalhos de pequena dimensão.

Segundo a investigação de que o diário dá conta, as autoridades estão à procura das obras dentro e fora de Espanha, acreditando, no entanto, que estas continuam em território nacional. Tratando-se Francis Bacon, um pintor tão importante, muito dificilmente os ladrões conseguirão vendê-las sem chamar a atenção. Desde meados da década de 1960 que a sua obra é reconhecida internacionalmente.

Cotação internacional

Recordemos que Bacon é um dos artistas mais bem cotados no mercado. É um dos poucos nomes a pertencer ao clube restrito dos cem milhões de euros, ou seja, dos artistas com peças vendidas acima deste valor. Em 2013, o pintor nascido em Dublin (Irlanda) entrou para a história quando o seu tríptico Três estudos de Lucian Freud, uma representação do pintor seu amigo, foi leiloado por 106 milhões de euros, tornando-se então na obra mais cara de sempre num leilão – um recorde que agora pertence a Pablo Picasso com Les femmes d'Alger (version O), arrematada no ano passado por 159,3 milhões de euros.

A polícia acredita que enquanto a casa era assaltada, J. C. B. era seguido, para que aqueles que tiravam as obras, e outros valores não descritos, pudessem ser avisados do momento em que o homem regressasse a casa. De acordo com a investigação, a casa deste coleccionador não foi escolhida ao acaso. Os ladrões sabiam exactamente o que estavam a fazer e o que queriam levar. Sabiam da existência desta colecção. O assalto foi de tal forma planeado que parece não ter deixado qualquer pista.  

Nos dias da feira de arte contemporânea de Madrid (ArcoMadrid) foi mesmo montada de forma secreta uma grande operação de segurança com a esperança de que alguma destas obras, se não todas, pudesse aparecer para venda, mas tal não aconteceu.

“O círculo em que se pode vender uma obra como estas é muito pequeno. Não é nada fácil oferecer um Francis Bacon, grande ou pequeno, sem que chegue aos ouvidos dos caça-tesouros deste sector tão especial. Não vai ser fácil para os ladrões”, defendeu ao jornal espanhol um perito em pintura contemporânea que pediu para manter o anonimato.

A AFP tentou neste domingo obter algumas explicações por parte das autoridades espanholas, mas sem sucesso.