Concurso VEM apoia negócios: de uma “offline house” até à venda online de cerveja
O VEM foi criado no ano passado com um objectivo: apoiar negócios de portugueses que quisessem voltar ao país. Os resultados foram agora conhecidos. Rita e Bárbara, que conceberam um dos projectos vencedores, puseram mãos à obra mesmo antes de saberem se iriam receber apoio.
Um ano depois de ter sido anunciado, e cerca de oito meses após ter sido aprovado, foram tornados públicos os resultados do Concurso VEM, lançado pelo anterior Governo para apoiar o regresso de emigrantes a Portugal. Os 20 projectos de negócio seleccionados vão receber apoios que vão dos 5166 euros aos 20 mil euros, no máximo.
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Um ano depois de ter sido anunciado, e cerca de oito meses após ter sido aprovado, foram tornados públicos os resultados do Concurso VEM, lançado pelo anterior Governo para apoiar o regresso de emigrantes a Portugal. Os 20 projectos de negócio seleccionados vão receber apoios que vão dos 5166 euros aos 20 mil euros, no máximo.
A lista dos vencedores, publicada no site do Alto Comissariado para as Migrações, mostra que tipo de projectos foram mais pontuados. De França veio o ARQ&Design — o promotor teve a melhor classificação; solicitou 9603 euros para passar a utilizar, em projectos de design de interiores, um “material de última geração”, que não existe ainda à venda em Portugal, uma tela tensa “que não tem resíduos, cheiros, poeiras” e que substitui o pladur e as tintas. Da Suíça chegou um projecto de reordenamento florestal, limpeza de matas e de linhas de água — o empreendedor pediu ao VEM 20 mil euros para um negócio que envolve um investimento de mais de 88 mil euros. E o projecto Offline, “marca que segue o conceito digital detox, cujo objectivo é promover actividades culturais e sociais sem o uso de Internet e smartphones”, foi concebido essencialmente no Reino Unido.
As promotoras deste último são Bárbara Miranda e Rita Gomes, uma arquitecta, outra psicóloga, que estavam fora de Portugal desde 2010. O seu projecto prevê a criação de uma “offline house” na praia da Arrifana, em Aljezur, e vai receber 20 mil euros.
Conheceram-se em Londres, mas Rita, 36 anos, tinha viajado de Londres para a Tailândia quando uma jornalista da RTP, “amiga de uma amiga”, lhe ligou a perguntar se ela não queria dar a opinião dela, como alguém que tinha emigrado, para uma reportagem sobre o então recentemente lançado VEM. Foi no Verão do ano passado, conta Rita, e o programa que havia sido concebido pelo secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Pedro Lomba, estava a ser alvo de fortes críticas: “Muitas pessoas diziam que os apoios eram poucos, que iam ser apoiados muito poucos projectos, que assim não se apoiava o regresso dos emigrantes, que as pessoas já tinham saído”, conta Rita. “Eu disse nessa entrevista por Skype que era certo que era pouco, mas que deveria ser valorizado.” E depois foi ela própria estudar as regras do concurso.
Não tinha sido o desemprego que as levara a sair de Portugal, nem a ela nem a Bárbara, mas a vontade de conhecer e experimentar outras áreas profissionais. Só que, passados cinco anos, estavam com vontade de regressar ao país. E tinham ideias. Quando Rita voltou a Londres aperfeiçoaram-nas. E avançaram — quer com as ideias, quer com a candidatura ao VEM.
Enquanto não sabiam os resultados do concurso, investiram o que juntaram. E a “Offline house” está quase a abrir. “Nesta sexta-feira soubemos que tínhamos ganho. É muito bom, isto chegou num óptimo momento. Avançaríamos na mesma, mas teríamos de pedir um empréstimo, um microcrédito, algo assim.”
Variedade, entre os vencedores, não falta. Mais dois projectos: um restaurante cuja especialidade é o Bao, “pequeno pão, feito a vapor e originário dos night markets de Taiwan”, e um “clube de cervejas artesanais por assinatura (online) que permite o acesso a cervejas exclusivas (pack mensal) seleccionadas por um profissional”, de um empreendedor que vem do Brasil.
O Concurso VEM foi lançado pela primeira vez em 2015. O regulamento previa que só 30 projectos chegariam, após passarem várias fases, à etapa final. Os seus promotores defenderiam então os seus planos perante um júri que os avaliaria, o que aconteceu em Fevereiro. E seriam escolhidos 20. Havia 400 mil euros no máximo para distribuir este ano. O montante solicitado nesta edição foi de 356 mil euros.