Oposição nas ruas de Caracas "com tudo" contra Nicolás Maduro

Estratégia para fazer cair o Presidente passa por três frentes: pressão popular, referendo e revisão constitucional. Maduro garante que não sai e convocou também uma manifestação na capital.

Foto
Foram convocados protestos em 15 dos 23 estados Carlos Garcia Rawlins/Reuters

A oposição venezuelana saiu às ruas este sábado para tentar forçar o afastamento de Nicolás Maduro, num "movimento de pressão popular" a que o Presidente respondeu com a convocação de uma manifestação na capital do país.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A oposição venezuelana saiu às ruas este sábado para tentar forçar o afastamento de Nicolás Maduro, num "movimento de pressão popular" a que o Presidente respondeu com a convocação de uma manifestação na capital do país.

A coligação anti-Maduro, que vai do centro-esquerda à direita mais liberal, unida sob a designação Mesa da Unidade Democrática (MUD), pediu aos seus apoiantes que saíssem às ruas de Caracas e de 15 dos 23 estados do país, sob o lema "Vamos com tudo!"

"A manifestação de hoje exige a renúncia de Maduro. Juntos apoiamos também a reforma constitucional e o referendo. Há vários mecanismos, mas a luta é só uma", escreveu no Twitter o secretário executivo do MUD, Jesus Torrealba.

O objectivo desta manifestação é exigir a renúncia do Presidente Nicolás Maduro antes do fim do seu mandato, através da pressão nas ruas, da convocação de um referendo e de alterações à Constituição.

Em resposta, os apoiantes de Maduro manifestaram-se também em Caracas, oficialmente em protesto contra a ordem do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de manter a Venezuela na lista dos países que constituem uma "ameaça extraordinária à segurança".

E a preocupação com a segurança é enorme, principalmente em Caracas – em 2014, as manifestações contra Nicolás Maduro resultaram em pelo menos 43 mortos, segundo os números oficiais.

Mas o ataque da oposição em duas das três frentes – as manifestações, o referendo e a revisão da Constituição – necessita da luz verde de organismos controlados pelo governo, como o Supremo Tribunal de Justiça e o Conselho Nacional de Eleições.

"A melhor saída para Maduro é que ele autorize uma solução política e que peça a demissão o mais rapidamente possível", disse o deputado da oposição Freddy Guevara à agência AFP.

O Presidente venezuelano já repetiu várias vezes que essa opção não está em cima da mesa: "Vocês não se vão desembaraçar de Maduro. Porque Maduro não é Maduro; Maduro é o povo e é a revolução, não percebem isso?"

A MUD, que venceu as eleições legislativas de Dezembro, é uma coligação díspar que reúne três dezenas de partidos, com um único objectivo: vencer o chavismo.

A ala mais radical é dirigida por Leopoldo López, condenado em Setembro a quase 14 anos de prisão por incitamento à violência durante as manifestações de 2014. Os outros dois líderes considerados mais radicais são o ex-presidente da Câmara de Caracas Antonio Ledezma, preso depois de ter sido acusado de conspirar contra o Presidente, e a ex-deputada Maria Corina Machado, cuja candidatura às eleições legislativas foi bloqueada pelo Conselho Eleitoral.

A facção mais moderada da MUD é liderada por Henrique Capriles, governador do estado de Miranda e duas vezes candidato presidencial, que perdeu em 2013 frente a Maduro por uma diferença de apenas 1,5 pontos.