Morreu Keith Emerson, fundador dos Emerson Lake & Palmer
Figura icónica e teclista dos Emerson Lake & Palmer morreu nesta sexta-feira. Tinha 71 anos.
Era um músico que arriscava, um músico sem medo de experimentar. Keith Emerson, teclista da banda que fundou na década de 1970 e que se tornaria numa das mais populares da época, os Emerson Lake & Palmer, morreu nesta sexta-feira em Los Angeles. O britânico tinha 71 anos. As causas da morte não são conhecidas mas a polícia está a investigar o caso como suicídio, escreve a BBC.
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Era um músico que arriscava, um músico sem medo de experimentar. Keith Emerson, teclista da banda que fundou na década de 1970 e que se tornaria numa das mais populares da época, os Emerson Lake & Palmer, morreu nesta sexta-feira em Los Angeles. O britânico tinha 71 anos. As causas da morte não são conhecidas mas a polícia está a investigar o caso como suicídio, escreve a BBC.
Não há notícia da sua morte que não se refira como “uma lenda do rock”. Talvez desconhecido para muitos, Keith Emerson era um dos nomes importantes do rock progressivo, possivelmente o mais destacado teclista do género. A Rolling Stone escreve mesmo que Emerson, nascido em Yorkshire, em Inglaterra, era “o maior teclista da sua geração”.
“Estou muito triste por saber da morte do meu bom amigo e irmão da música, Keith Emerson”, escreveu em comunicado Carl Palmer, o baterista e percussionista dos Emerson Lake & Palmer, ao lado ainda do vocalista, baixista e produtor Greg Lake – o nome da banda é exactamente a junção dos apelidos dos três músicos. “Keith era uma alma gentil cujo amor pela música e paixão pela sua performance como tecladista permanecerá inigualável por muito que os anos passem. Foi um pioneiro e um inovador e o seu génio musical tocou-nos a todos nos mundos do rock, da clássica e do jazz. Vou para sempre lembrar-me do seu terno sorriso, do bom sentido de humor, do carisma irresistível e da dedicação à sua arte musical. Tenho muita sorte por tê-lo conhecido e por ter feito a música que fizemos juntos”, acrescentou ainda Palmer.
Inspirado pela teatralidade de Jimi Hendrix na sua guitarra eléctrica, Keith Emerson era um homem do espectáculo. Carismático, extravagante e singular. Ver os Emerson Lake & Palmer era, em grande parte, vê-lo a ele. “A parte de actuar era algo que me parecia muito natural fazer, era algo que me permitia ser mais expressivo”, disse uma vez em entrevista à revista Counterculture. “Éramos uma banda de palco. Tocávamos qualquer coisa que gravássemos. Nunca gostei de estar preso nos estúdios”, contou ainda em 2002 numa entrevista ao The Guardian.
Emerson fundou os Emerson Lake & Palmer logo depois do fim dos Nice, banda que criou em 1967 mas que duraria apenas três anos. “Eu queria criar uma banda de três peças com o maior som possível, uma espécie de orquestra eléctrica de três homens. Tínhamos um reportório ambicioso de temas rock feitos a partir da clássica de Bach, Bartok, Janacek, Mussorgsky e Ginastera, intercalada com o blues, o boogie, o rock’n’roll”, recordou na mesma entrevista, destacando como os três músicos adoravam experimentar e improvisar.
A banda deu que falar logo no ano em que se dava a conhecer. Quando em 1970 actuaram no festival Isle of Wight não passaram despercebidos e conseguiram logo ali um contrato com a Atlantic Records. Nesse mesmo ano saía o disco homónimo – o primeiro de quatro que os Emerson Lake & Palmer acabariam por editar em quatro anos.
Seguiu-se, em 1971, Tarkus – cujo tema de abertura tinha a duração de mais de 20 minutos, com destaque para as proezas de Emerson no teclado –; Trilogy, em 1972; e Brain Salad Surgery, em 1973 – é neste disco que entra o tema Karn Evil 9., com quase 30 minutos e que contou com a ajuda de Emerson na composição.
Os Emerson Lake & Palmer ganhavam então o reconhecimento do público e o sucesso comercial, ao lado de bandas como os Yes, os King Crimson e os Genesis. O grupo era especialmente famoso no Reino Unido e no Japão.
Em 1979, com mais três discos editados, a banda anunciava o seu fim. Nas décadas seguintes voltariam ao activo por diversas vezes, editando mais dois discos de originais: Black Moon (1992) e In the Hot Seat (1994). A última vez que os vimos actuar ao vivo foi em 2010 no festival londrino High Voltage Festival.
Keith Emerson aventurou-se numa carreira a solo com uma série de trabalhos, incluindo bandas-sonoras para cinema e televisão – é dele a música de filmes como Inferno (1980), de Dario Argento, do thriller com Sylvester Stallone Nighthawks (1980), do filme de terror The Church (19889), de Michele Soavi, ou mais recentemente Godzilla: Final Wars, de 2004.
Em 2004 escreveu e publicou a autobiografia Pictures of an Exhibitionist. A sua última actuação ao vivo aconteceu em Julho do ano passado no Barbican, em Londres. Emerson subiu ao palco com a BBC Concert Orchestra num tributo a Robert Moog, o homem que criou o primeiro sintetizador analógico a um preço acessível – o Moog.