Marcelo desafia portugueses a acreditar em si e a “abrir caminho ao sonho”
Na sua primeira sessão na Câmara do Porto depois de ter sido eleito, o Presidente da República, diz que é tempo de “as crises deixarem de ser único horizonte possível”.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lançou esta sexta-feira, a partir do Porto, um desafio aos portugueses para que acreditem em si e no que valem, para que ´”as crises deixem de ser o único horizonte possível”.
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lançou esta sexta-feira, a partir do Porto, um desafio aos portugueses para que acreditem em si e no que valem, para que ´”as crises deixem de ser o único horizonte possível”.
“Não há D. sebastiões em democracia e aqui no Porto é impossível não acreditar em Portugal”, declarou o recém-eleito Presidente da República na sessão nos Paços do Concelho do Porto, onde discursou no âmbito das comemorações das cerimónias de posse iniciada na quarta-feira em Lisboa. Num discurso cheio de emoção, Marcelo Rebelo de Sousa puxou pelo orgulho que a cidade consagra e disse que o Porto é “de algum modo como berço da liberdade da democracia”.
O Presidente explicou o simbolismo de vir ao Porto encerrar as cerimónias de posse, afirmando que o fez para homenagear a cidade, a sua história, mas também o seu presente e o seu futuro. “É simbólico como sublinhado de virtudes nacionais num tempo atreito a desânimos, desilusões e desavenças”, disse exaltando a autonomia da cidade. “Desde o bispo insubmisso ao Infante D. Henrique e à burguesia cosmopolita que estabeleceu os laços que perduram com o nosso mais antigo aliado [a Inglaterra]”, declarou, enaltecendo depois o lado de resistência ao poder absoluto do Porto.
Aplaudido por várias vezes, Marcelo falou da Revolução de 1820, exaltou "o heroísmo na vitória sob o cerco em plena Guerra Civil e a perene evocação de D. Pedro, exemplo da junção de duas nações em tempo de sua separação definitiva”.
O presidente não esqueceu as “elites” e o “património imperecível” da cidade, mas foi mais além. “O Porto é uma terra geradora de elites em todos os domínios. No mundo da economia como na universidade, na cultura como nas artes e no desporto. São património imperecível do Porto, Manuel de Oliveira e Agustina, Souto Moura e Pedro Abrunhosa, Siza Vieira e Vasco Graça Moura, Daniel Serrão entre muitos outros”, enumerou, para perguntar: “E, por isso - olhando para todos eles e para a vitalidade que deles emana - como não adivinhar para o Porto um futuro de grandeza?”.
No seu discurso perpassou toda uma mensagem de esperança. “É tempo de falar menos do que nos deprecia, e falar mais do que nos valoriza. Portugal precisa de quem recorde a coragem e a tenacidade dos portugueses”, enfatizou para formular dois pedidos aos portuenses. "Que jamais troquem a sua liberdade, o seu rigor no trabalho, os seus gestos de luta e de coragem por qualquer promessa de sebastianismo político ou económico. O futuro é obra de todos não é dádiva de ninguém"; disse, acrescentando ao discurso a frase de que “não há D. Sebastiões em democracia”.
O segundo pedido é para que os portuenses “nunca se rendam à ideia errada de que quase nove séculos de história ou de poder são obra do acaso, que é uma fatalidade que Portugal esteja votado a ser pobre, dependente, injusto, sem lugar para a vontade os portugueses”.
O Presidente da República entende que está na altura de “as crises deixarem de ser o único horizonte possível” e falou da importância de se “abrir caminho ao sonho”. E terminou com esta frase: ”Aqui no Porto é impossível não acreditar em Portugal!” As palmas soaram no salão nobre dos Paços do Concelho.