Cinco anos depois, ainda se sentem as consequências de Fukushima

Governo japonês continua à procura de soluções para os milhares de deslocados. População teme reactivação de centrais nucleares.

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Trabalhadores encarregues da descontaminação cumprem um minuto de silêncio em homenagem às vítimas de Fukushima REUTERS/Kyodo

Foi há cinco anos que um dos terramotos mais graves da história desencadeou um tsunami que fez cerca de 19 mil mortos e deixou 160 mil pessoas sem as suas casas e sem os seus meios de subsistência. O terramoto de magnitude 9 na escala de Richter devastou o norte do Japão, provocando o mais grave desastre nuclear desde Chernobyl, em 1986, na central nuclear de Fukushima.

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Foi há cinco anos que um dos terramotos mais graves da história desencadeou um tsunami que fez cerca de 19 mil mortos e deixou 160 mil pessoas sem as suas casas e sem os seus meios de subsistência. O terramoto de magnitude 9 na escala de Richter devastou o norte do Japão, provocando o mais grave desastre nuclear desde Chernobyl, em 1986, na central nuclear de Fukushima.

Cinco anos depois, continuam os trabalhos de reconstrução daquela zona do Japão e as tentativas de desactivação dos destroços nucleares ainda existentes em Daiichi. Mas a radiação na central é tão poderosa que é ainda impossível remover as barras de combustíveis derretidas, que pesam centenas de toneladas.

Como não é possível aos humanos entrarem no local, a Tepco (Tokyo Electric Power Co) tem tentado utilizar robôs para a zona dos reactores, mas não tem sido bem-sucedida. Até ao momento foram enviados cinco robôs, mas nenhum deles conseguiu regressar.

A operadora da central conseguiu fazer alguns progressos, mas a tecnologia necessária para estabilizar o local ainda não está totalmente desenvolvida. “É extremamente difícil aceder ao interior da central nuclear”, afirmou Naohiro Masuda, responsável da Tepco pela desactivação da central, à Reuters. “O maior obstáculo é a radiação.”

Para assinalar a data, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e o imperador Akihito estiveram numa cerimónia de homenagem às vítimas, em Tóquio. Realizou-se um minuto de silêncio no Japão no momento exacto em que, há cinco anos atrás, se deu o terramoto.

Shinzo Abe, citado pela BBC, afirmou que o Governo está empenhado nos trabalhos de reconstrução, prometendo um “amplo orçamento” para ajudar as áreas mais afectadas a “ficarem de pé novamente”. Aproveitou o discurso para afirmar que o Japão não pode prescindir da sua energia nuclear a longo prazo, uma afirmação que certamente não agrada a muitos japoneses, que ainda vivem com o receio de um novo desastre.

“A infra-estrutura está a recuperar, mas os corações não”, afirmou Eiki Kumagai, bombeiro voluntário, à Reuters. Kumagai esteve em Rikuzentakata, uma das áreas mais afectadas, e perdeu 51 dos seus colegas no tsunami. “Continuo a ver o rosto daqueles que morreram. Há tanta tristeza, nem a consigo expressar.”

Depois do desastre de Fukushima todos os reactores nucleares do país foram encerrados por motivos de segurança. Contudo, no ano passado, dois deles foram reactivados devido ao facto de o Governo japonês querer cortar nos custos de energia, uma vez que está a importar combustíveis fósseis bastante caros.

Esta medida está longe de ser consensual entre a população japonesa, que considera que ainda não foi feito o suficiente para que sejam garantidas condições de segurança para que um novo desastre semelhante ao de 2011 não volte a acontecer. Para além de que, cinco anos depois, muitas pessoas ainda não conseguiram regressar às suas casas, apesar dos trabalhos de descontaminação. Cerca de 180 mil pessoas permanecem deslocadas, sendo que 100 mil foram evacuadas de Fukushima, segundo números da BBC.

A Greenpeace demonstrou a sua preocupação relativamente a esta questão, criticando a atitude do Governo de Shinzo Abe. “Não sabemos exactamente o que causou o acidente e o Governo japonês continua a minimizar o nível de radioactividade nas zonas evacuadas. É trágico e inaceitável”, afirmou num comunicado Junichi Sato, director da organização ecologista para o Japão.

Texto editado por Tiago Luz Pedro