Com menos vendas para fora da Europa, as exportações caem no primeiro mês do ano
Exportações recuaram 1,5% em Janeiro face ao mesmo mês de 2015. Para os países europeus cresceram, mas não o suficiente para evitar descida nas vendas.
As contas do comércio internacional do primeiro mês do ano apontam para uma diminuição no volume das exportações de bens portugueses, a reflectir uma queda expressiva para os países de fora da União Europeia (UE). Para Angola, que tem vindo a perder fôlego como destino das exportações, o comportamento das exportações teve o pior mês de Janeiro dos últimos dez anos.
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As contas do comércio internacional do primeiro mês do ano apontam para uma diminuição no volume das exportações de bens portugueses, a reflectir uma queda expressiva para os países de fora da União Europeia (UE). Para Angola, que tem vindo a perder fôlego como destino das exportações, o comportamento das exportações teve o pior mês de Janeiro dos últimos dez anos.
Em Janeiro, as exportações portuguesas recuaram 1,5% em relação ao mesmo mês do ano passado, mostram os dados publicados nesta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Foram exportadas mercadorias no valor de 3732 milhões de euros, menos 56 milhões do que no período de 2015.
A trajectória no último trimestre do ano passado já tinha sido de abrandamento das vendas de produtos ao estrangeiro, culminando numa queda em Dezembro, o que agora voltou a acontecer.
Descontando as vendas de combustíveis e lubrificantes, as exportações também se mantiveram em queda, registando uma descida de 0,4%. Na comparação mensal (entre Dezembro e Janeiro), houve um crescimento global de 3% no conjunto das exportações.
Do lado das importações, também houve uma diminuição em Janeiro, com a compra de bens a recuar 1% em relação a Janeiro do ano passado e a cair 7,9% face a Dezembro.
O fraco crescimento das economias emergentes, os tímidos sinais de melhoria na conjuntura internacional num momento em que as economias desenvolvidas apresentam ainda uma expansão moderada, somados ao risco de volatilidade nos mercados financeiros e cambiais, levaram no início deste ano várias instituições, como a OCDE e o FMI, a rever as previsões de crescimento mundial para este ano.
No caso português, enquanto as vendas para os países da União Europeia aumentaram 4,5% em termos homólogos (e 14,7% em relação a Dezembro), para os mercados extracomunitários tiveram uma queda a pique, de 18,8% face ao mesmo mês de 2015 (e de 25,2% na comparação com Dezembro). Segundo o INE, a queda foi mais expressiva nos metais comuns (por exemplo, barras de ferro, aço e fio utilizado para armaduras de betão), combustíveis minerais (como gasolina), minérios de cobre e concentrados.
Dos países extra-UE, as importações diminuíram 4,6% (menos do que tinha acontecido no mês anterior, em que tinham recuado 8,7% em termos homólogos). A redução, explica o INE, deve-se essencialmente à queda no comércio de combustíveis minerais.
Numa análise a três meses, de Novembro a Janeiro, as estatísticas do INE mostram uma queda acentuada, de 25%, nas vendas de combustíveis e lubrificantes, mas um aumento próximo dos 6% nas máquinas e assessórios, e de 4,7% nos materiais de transporte.
Menos receitas em Angola
Para Angola – que já no ano passado passou de quarto para sexto maior mercado de destino, ultrapassado pelo Reino Unido e Estados Unidos – as exportações recuaram 44,9% em relação a Janeiro de 2015. No início do ano houve também uma diminuição muito forte face ao último mês de 2015, com as vendas a descerem 32,5%.
Portugal exportou para a economia angolana bens no valor de 97,5 milhões de euros em Janeiro, menos 79,5 milhões de euros do que um ano antes. Para encontrar um valor mais baixo, para um mês de Janeiro, é preciso recuar a 2006.
Apesar de a produção de petróleo ter aumentado já em Janeiro, o reforço não foi suficiente para compensar a descida do preço que está a afectar as receitas do Estado (o valor arrecadado com as exportações de petróleo diminuíram 26% no primeiro mês do ano). O país enfrenta nesta altura uma forte diminuição do investimento e do consumo, o que está a levar a restrições às importações na economia angolana. Para a China, o 10.º mercado, as vendas caíram 36,3% e para o Brasil baixaram 43,4% face ao mesmo mês do ano passado.
Já para os primeiros mercados europeus, as tendências foram diferentes. As exportações para Espanha cresceram 2,6%, para França subiram 6,4%, mas para a Alemanha diminuíram 5,4%.
Os números divulgados pelo INE dizem apenas respeito aos bens. Ainda falta contabilizar a parte das exportações dos serviços, que tem sido determinante, em particular pelo turismo, para equilibrar a balança comercial. Para este ano, o Governo está a prever que as exportações – de bens e turismo – abrandem em relação ao ano passado, crescendo 4,3%, depois de uma subida de 4,6% (abaixo da previsão de 5,1%).