O esteta no seu labirinto
Terrence Malick continua a filmar como ninguém, mas deixou-se perder num labirinto da sua própria criação.
“A alma recorda-se da beleza que em tempos conheceu” - não temos certeza se Terrence Malick terá inteira consciência da metáfora contida nesta frase que se ouve num dos primeiros diálogos de Cavaleiro de Copas. Mas visto que este é um filme sobre um argumentista perdido em Hollywood procurando recapturar o sentido da vida, não é descabido que a ironia subjacente tenha passado pela cabeça de um cineasta - que podemos acusar de muita coisa mas de parvo não tem nada. Dito isto, apesar da beleza incandescente das imagens (fotografadas mais uma vez por Emmanuel Lubezki), fica a sensação que um dos mais notáveis cineastas revelados pela “nova Hollywood” dos anos 1970 se deixou enredar numa “fórmula” de sua própria criação.
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“A alma recorda-se da beleza que em tempos conheceu” - não temos certeza se Terrence Malick terá inteira consciência da metáfora contida nesta frase que se ouve num dos primeiros diálogos de Cavaleiro de Copas. Mas visto que este é um filme sobre um argumentista perdido em Hollywood procurando recapturar o sentido da vida, não é descabido que a ironia subjacente tenha passado pela cabeça de um cineasta - que podemos acusar de muita coisa mas de parvo não tem nada. Dito isto, apesar da beleza incandescente das imagens (fotografadas mais uma vez por Emmanuel Lubezki), fica a sensação que um dos mais notáveis cineastas revelados pela “nova Hollywood” dos anos 1970 se deixou enredar numa “fórmula” de sua própria criação.
Cavaleiro de Copas é um novo poema tonal à volta das grandes questões da existência que reitera de modo mais ou menos redundante o que já ficara dito com mais propriedade na Árvore da Vida (2010). O homem continua a filmar como um deus (ou como Deus?) mas parece comprazer-se neste momento em explorar os recantos mais remotos do seu paraíso esteta, procurando reencontrar o caminho para a beleza perdida enquanto se perde pelos caminhos secundários.