Venda de smartphones cresce impulsionada pelos aparelhos mais baratos
Número de telemóveis vendidos cresceu 6% em 2015, segundo a analista GfK.
A um ritmo longe do de outros tempos, a venda de smartphones continua a crescer, ajudada pela dinâmica dos países emergentes na Ásia e pelos consumidores que agora optam por aparelhos baratos. É uma tendência que se vinha a desenhar já há alguns anos nos mercados mais maduros.
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A um ritmo longe do de outros tempos, a venda de smartphones continua a crescer, ajudada pela dinâmica dos países emergentes na Ásia e pelos consumidores que agora optam por aparelhos baratos. É uma tendência que se vinha a desenhar já há alguns anos nos mercados mais maduros.
Segundo dados agora divulgados pela analista de mercado GfK, foram vendidos 1309 milhões de smartphones em 2015, o que significa um aumento de 6% face ao ano anterior. Apesar de o crescimento a assentar em dispositivos de gama mais baixa, as receitas seguiram a mesma trajectória ascendente: o mercado vale, nas contas da GfK, cerca de 362 mil milhões de euros. Em 2014 (segundo os números apresentados há um ano) valia menos 5%.
O impacto da maior procura por aparelhos baratos sentiu-se mais na recta final de 2015. No último trimestre, a venda de unidades cresceu também 6%, em linha com o resto do ano, mas as receitas tiveram uma queda, ainda que muito ténue, de 0,2%.
Os países emergentes do sudeste asiático, onde a adopção de smartphones foi mais tardia e onde o custo dos aparelhos é um critério fundamental, “continuam a ser o motor de crescimento no mercado mundial”, observa o relatório da GfK. Entre Setembro e Dezembro, as vendas, em termos de unidades, cresceram 21%, com um forte empurrão do enorme mercado indiano, que foi “impulsionado pela sua dominante gama de preços baixos”.
Na América Latina, pelo contrário, o cenário é de queda. "Este facto, em parte deve-se à fraca macroeconomia do Brasil que provocou um decréscimo na procura de 26% em relação ao ano anterior", observa a GfK. Nesta região, o preço médio dos apaelhos caiu 12%, "como resultado das alterações de preferências dos consumidores para aparelhos de gamas inferiores".
Um crescimento assente nos segmentos de preços mais baixos não é uma novidade. Por um lado, nos mercados onde a penetração de smartphones já é elevada, aqueles que estão a comprar pela primeira vez este tipo de aparelhos tendem a apontar para os preços mais baixos. Por outros, nos países em desenvolvimento, o custo é um factor crítico.
Uma das marcas que está a ser afectada por esta tendência é a Apple, que essencialmente inventou o conceito de smartphone moderno quando apresentou o iPhone em 2007 e cujos novos modelos são sempre de gama alta. Em Janeiro, os números da empresa revelaram uma descida ligeira das vendas durante últimos meses de 2015. Foi a primeira vez que a procura pelo iPhone caiu.
Também a China (que tinha há dois anos desempenhado o papel de impulsionador de crescimento que agora está nas mãos dos seus países vizinhos) acabou por dar ao longo do segundo semestre uma ajuda ao crescimento global.
O mercado chinês tinha já voltado a crescer no terceiro trimestre do 2015, quebrando assim um ano de descidas. No quarto trimestre, a tendência de subida manteve-se, muito embora não tenha sido o suficiente para um crescimento anual. “Verificou-se uma melhoria na procura transversal a todos os segmentos de preços, com uma mudança mais assinalável nos dispositivos de gama alta”, observa o relatório da GfK, que antecipa “um retorno moderado no crescimento” de 3% ao longo de 2016, em parte graças ao modelo de vendas subsidiadas pelas operadoras de telecomunicações. Na China, de resto, o abrandamento é generalizado na economia, num fenómeno que está a lançar ondas de choque por todo o mundo.
Na Europa Ocidental – que agrega mercados com dinâmicas diferentes, como, por exemplo, o Reino Unido e o Portugal – o crescimento nos últimos três meses de 2015 foi de 5%, para 42,1 milhões de unidades, ao passo que a facturação recuou quase 1%.
Esta região, ajudada por um crescimento de 61% na gama ultrabaixa, “registou um acelerado crescimento global nos seus três maiores mercados: França, Alemanha e Grã-Bretanha”, observa a empresa, que, questionada pelo PÚBLICO, não deu dados específicos para o mercado português. O relatório indica apenas que “Portugal revelou ser um país em crescimento, estando alinhado com os restantes países.”