OMS aconselha mulheres grávidas a não viajarem para zonas com vírus Zika
Organização aumenta o tom do alerta para grávidas, a quem recomenda práticas sexuais seguras pelo risco de transmissão do vírus. Nasceram 583 bebés com microcefalia no Brasil desde Outubro.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselha as mulheres grávidas a não viajarem para zonas onde se tenha identificado a propagação do vírus Zika. As mulheres grávidas cujos parceiros vivam ou tenham visitado zonas com propagação do vírus Zika devem também abster-se de praticar relações sexuais ou garantir que o fazem protegidas, com o uso do preservativo, por exemplo, visto que a transmissão sexual do vírus é “relativamente comum”.
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A Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselha as mulheres grávidas a não viajarem para zonas onde se tenha identificado a propagação do vírus Zika. As mulheres grávidas cujos parceiros vivam ou tenham visitado zonas com propagação do vírus Zika devem também abster-se de praticar relações sexuais ou garantir que o fazem protegidas, com o uso do preservativo, por exemplo, visto que a transmissão sexual do vírus é “relativamente comum”.
As recomendações foram anunciadas esta terça-feira pela directora da organização, no final de um novo encontro de emergência, por sugestão do comité de especialistas formado no mesmo dia em que a OMS declarou que o surto de deformações em recém-nascidos aparentemente causado pelo vírus constituía uma emergência de saúde pública internacional, como antes o Ébola ou a Gripe das Aves (o vírus H1N1).
“Claramente uma infecção de Zika durante a gravidez produzirá resultados muito maus”, indiciou Margaret Chan aos jornalistas. A directora da organização aconselhara até agora a que mulheres grávidas adiassem as suas viagens a zonas com o vírus Zika — caso não o conseguissem fazer, a OMS sugeria que usassem roupas com mangas compridas, calças e repelentes de mosquito.
Ainda não foi provada uma ligação causal directa entre o vírus Zika contraído durante a gravidez e o nascimento de bebés com deformações congénitas graves, mas essa ligação é fortemente suspeita e amontoam-se indícios que a sugerem. Na última semana, por exemplo, uma equipa de especialistas provou que o vírus é capaz de infectar e danificar células cerebrais em desenvolvimento no feto.
A OMS diz que cabe aos próprios países que identificaram surtos do vírus Zika indicarem as zonas afectadas. A epidemia atinge a América do Sul e América Central, particularmente o Brasil, onde se contaram um milhão e meio de infecções com Zika desde o início de 2015 — de um universo de quatro milhões de pessoas infectadas no último ano. Há também casos nos Estados Unidos, Europa, Rússia e China, por exemplo, quase sempre de pessoas que contraíram o vírus em viagem ou por transmissão sexual com alguém infectado.
O Brasil é o país onde se contam mais nascimentos com microcefalia, uma malformação congénita grave em que o crânio e cérebro dos bebés são anormalmente pequenos, o que traz consequências para o desenvolvimento cognitivo e motor da criança. Nasceram 583 bebés com microcefalia no Brasil desde Outubro de 2015. Suspeita-se que o Zika tenha sido responsável por este surto e também por casos (menos comuns) de bebés nascidos com a síndrome Guillain-Barré e Mielite Aguda.
Margaret Chan não anunciou restrições internacionais a viagens e negócios com os países afectados nas Américas, uma decisão que, a ser tomada, poderá ter impactos económicos graves, principalmente para o Brasil, o país organizador dos Jogos Olímpicos de 2016. Em todo o caso, a directora da OMS sugeriu que a organização poderá explorar outros mecanismos no futuro.