Igreja de Braga fecha a porta a mudanças no projecto para cinema S. Geraldo

Espaço vai mesmo ter lojas e hotel, apesar dos protestos de vários grupos de bracarenses que queriam que preservasse funções culturais. Debate em torno do tema vai, porém, manter-se.

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Marco Duarte

A Diocese de Braga considera que o projecto para o antigo cinema S. Geraldo, que prevê a construção de uma área comercial e um hotel de quatro estrelas naquele edifício, atingiu “um estado de maturidade” que não permite qualquer mudança no programa. A reacção da estrutura regional da Igreja Católica surge na sequência das tomadas de posição de vários grupos de bracarenses que, ao longo das últimas semanas, têm exigido que a infra-estrutura mantenha uma função cultural.

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A Diocese de Braga considera que o projecto para o antigo cinema S. Geraldo, que prevê a construção de uma área comercial e um hotel de quatro estrelas naquele edifício, atingiu “um estado de maturidade” que não permite qualquer mudança no programa. A reacção da estrutura regional da Igreja Católica surge na sequência das tomadas de posição de vários grupos de bracarenses que, ao longo das últimas semanas, têm exigido que a infra-estrutura mantenha uma função cultural.

Num comunicado divulgado esta terça-feira na sua página do Facebook, a Diocese justifica que o estado avançado do projecto “não lhe permite afastar-se dos compromissos e encargos já assumidos”. A reabilitação do S. Geraldo foi lançada em parceria com promotores privados, que assumirão a maior fatia de um investimento estimado de cerca de 6 milhões de euros. “Após responsáveis negociações, a Diocese assinou um compromisso que, em nome dos princípios que norteiam o seu agir, não pode desconsiderar”, acrescenta o mesmo documento.

As obras no S. Geraldo deverão, assim, começar no próximo mês, como foi anunciado aquando da apresentação do projecto, no início do mês. A maior parte dos trabalhos estarão concluídos no final do ano, ao passo que o hotel de 4 estrelas – com 35 quatros e 14 apartamentos T1 – apenas deverá ser concluído em Abril do próximo ano. Além da unidade hoteleira, o projecto da Diocese de Braga propõe ainda a criação de uma área comercial, com uma praça de restauração coberta com espaço para mais de 20 restaurantes e lojas de artesanato e moda.

No comunicado emitido nesta quarta-feira, a Diocese de Braga assegura que as obras no antigo cinema, encerrado há 20 anos, vão permitir a preservação do palco, permitindo “todo o tipo de eventos culturais, desde a música ao cinema”, manifestando ainda a confiança de que a cidade será “unânime em constatar a harmonia e a beleza que o edifício proporcionará à praça adjacente”, quando as obras estiverem concluídas.

Nas últimas semanas foram vários os grupos de bracarenses que se manifestaram contra esta proposta, lembrando que este foi o primeiro cinema de Braga. Para defender a manutenção da sua utilização como equipamento cultural, um grupo de agentes culturais locais criou a plataforma S. Geraldo Cultural e 40 arquitectos subscreveram uma carta aberta, fazendo o mesmo pedido ao Bispo de Braga, Jorge Ortiga. Também as associações de defesa do património ASPA e JovemCoop se pronunciaram no mesmo sentido.

Luís Tarroso Gomes, que tem sido uma das vozes mais críticas das intenções da Diocese, assegura que a tomada de posição da Diocese não vai mudar a actuação pensada pelo movimento de defesa do S. Geraldo. “Vamos manter os debates públicos em que tínhamos pensado”, garante, acrescentando que é ainda possível “conciliar todas as vontades”. “A discussão que é preciso fazer é sobre o futuro da cidade. E para isso é preciso pensar naquela sala a 20 ou 30 anos”, sublinha.

O comunicado da Diocese apanhou de surpresa o grupo independente Cidadania em Movimento (CEM), que reuniu com o Bispo de Braga no final da semana passada. Nessa reunião, Jorge Ortiga tinha “manifestado disponibilidade para uma reunião” com responsáveis pelo projecto, a empresa promotora e um representante do movimento, assegura a deputada municipal pelo CEM Paula Nogueira. “Se, porventura, houve uma conversa com o investidor que inviabilizou essa possibilidade, compreendemos, mas não contraria a nossa posição”, acrescenta. Face a esta posição, o CEM entende que a Câmara passa a ser “a única entidade com capacidade para evitar a destruição do S. Geraldo”, pedindo por isso ao presidente da câmara, Ricardo Rio, que intervenha.