Produtores de leite preparam-se para o maior protesto desde que estalou a crise no sector

Organizado pelas maiores associações do sector, esperam-se “muitas centenas” de produtores e tractores no dia 14 de Março, em Matosinhos.

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Produtores da Galiza despejaram leite português MIGUEL RIOPA/AFP

A cumprirem-se as expectativas da organização, será o maior protesto dos produtores de leite desde que estalou a crise no sector. Na próxima segunda-feira, 14 de Março, as principais organizações do sector juntam-se para protestar com tractores em frente à delegação da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, em Matosinhos, seguindo depois para dois hipermercados da zona. Em comunicado, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) recorda que, no mesmo dia, em Bruxelas, os ministros da Agricultura da União Europeia se reúnem para discutir o problema dos baixos preços, que afecta tanto os produtores de leite como de suínos.

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A cumprirem-se as expectativas da organização, será o maior protesto dos produtores de leite desde que estalou a crise no sector. Na próxima segunda-feira, 14 de Março, as principais organizações do sector juntam-se para protestar com tractores em frente à delegação da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, em Matosinhos, seguindo depois para dois hipermercados da zona. Em comunicado, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) recorda que, no mesmo dia, em Bruxelas, os ministros da Agricultura da União Europeia se reúnem para discutir o problema dos baixos preços, que afecta tanto os produtores de leite como de suínos.

Além da CNA, junta-se ao protesto a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep) e a Federação Nacional das Cooperativas de Leite e Lacticínios (Fenalac). “Seguramente será o maior protesto dos produtores e esperamos muitas centenas de produtores”, disse ao PÚBLICO Carlos Neves, da Aprolep, acrescentando os jovens agricultores do Porto e a Associação de Agricultores de Vila do Conde também participarão.

Carlos Neves defende que as ajudas financeiras são bem-vindas, mas não bastam para resolver o problema dos preços, em mínimos históricos desde que terminaram as quotas leiteiras na UE. O embargo russo tem travado o escoamento de leite e as previsões da Comissão Europeia de aumento de consumo não se verificaram.

“O que queremos são medidas estruturais para ultrapassar a crise. Quando damos apoios ao armazenamento de leite em pó, por exemplo, esse leite irá [mais tarde] de novo para o mercado e o preço vai baixar. A nível europeu o que pedimos é a regulação da produção – um mecanismo para ser usado em tempo de crise. Além disso, defendemos que as ajudas devem ser dadas a quem travou a produção e não a todos. Há uma injustiça nisso”, defende Carlos Neves. Por toda a Europa têm-se sucedido apelos a Bruxelas para resolver o problema. Espanha barrou, recentemente, a entrada de leite português e criou um selo para certificar o produto nacional, numa tentativa de reduzir as importações.

Em comunicado, a CNA detalha que a manifestação junto aos hipermercados serve para reclamar das “práticas comerciais abusivas que as grandes superfícies comerciais continuam a praticar e que têm contribuído para a grave crise que arrasa a pecuária nacional – leite e carne”. Esta organização pede ao Governo um controlo “severo das importações, como está a Espanha a fazer desde há meses”, a compra pública dos vitelos e das vacas já fora da produção leiteira, a isenção temporária dos pagamentos à Segurança Social sem perda de direitos e outra ajudas como o reembolso de parte do consumo da electricidade verde, aumentos nas ajudas à vaca leiteira e o consumo “prioritário” da produção nacional nas cantinas.