Papa diz que há uma “invasão árabe” da Europa

Francisco explicou que o continente “foi sempre capaz de lidar com [as invasões], avançando e ficando em melhor posição por causa das trocas de culturas”.

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Papa Francisco criticou postura dos líderes europeus face à crise de refugiados Christian Hartmann / AFP

O Papa Francisco referiu-se à actual vaga de migrantes e refugiados que chegam a território europeu com uma nova “invasão árabe”, durante um encontro no Vaticano com a organização cristã francesa Esprit Civique em que também reforçou que a Europa “sempre soube evoluir e fortalecer-se com a troca de culturas”, a ponto de se ter tornado o “único continente capaz de oferecer uma certa unidade ao mundo”.

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O Papa Francisco referiu-se à actual vaga de migrantes e refugiados que chegam a território europeu com uma nova “invasão árabe”, durante um encontro no Vaticano com a organização cristã francesa Esprit Civique em que também reforçou que a Europa “sempre soube evoluir e fortalecer-se com a troca de culturas”, a ponto de se ter tornado o “único continente capaz de oferecer uma certa unidade ao mundo”.

Numa declaração citada pelo jornal oficial do Vaticano L’Osservatore Romano – e que poderá fazer correr rios de tinta –, o Papa aludiu ao fenómeno migratório que está a abrir fendas entre os países da União Europeia. “Hoje em dia podemos falar de uma invasão árabe. É um facto social”, afirmou Francisco.

Mas o Papa classifica essa “invasão” como algo positivo e benéfico. “Para a Europa rejuvenescer, deve redescobrir as suas raízes culturais: é ao esquecer a sua própria História que a Europa se enfraquece, e arrisca tornar-se um lugar vazio”, respondeu Francisco, a uma questão colocada pelo director da revista francesa La Vie, Jean-Pierre Denis, sobre as implicações da actual crise de refugiados. “Quantas invasões a Europa experimentou ao longo da sua História?”, lembrou o Papa, notando que o continente “foi sempre capaz de lidar com elas, avançando e ficando em melhor posição por causa das trocas de culturas”.

Francisco referiu-se ainda a antigos líderes europeus, fundadores da União Europeia, para criticar a postura dos actuais dirigentes que se recusam a cumprir os planos de Bruxelas para a redistribuição de refugiados pelos vários Estados-membro, ou mesmo a autorizar a entrada e passagem pelo seu território das populações em fuga da guerra da Síria ou da perseguição do Estado Islâmico no Iraque. “Às vezes pergunto-me quando vamos voltar a ver um Robert Schumann ou um Konrad Adenauer”, admitiu o Papa, aludindo o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros da França e ao primeiro chanceler alemão do pós-guerra.

E criticou os movimentos e partidos políticos anti-imigração e anti-muçulmanos, como por exemplo os alemães do Pegida, que galgam a onda do populismo e se tornam “reféns de uma colonização ideológica” que transforma a política em “veneno”.