PS questiona “contactos” entre Maria Luís e empresa que comprou créditos do Banif

Requerimento dos deputados socialistas convoca responsáveis da Whitestar para depor na comissão de inquérito e lembra papel da empresa na compra de créditos malparados do banco.

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A ex-ministra das Finanças não vê incompatibilidade na sua contratação pela Arrow Global Daniel Rocha

Um dia depois de saber da contratação, pela Arrow Global Group, da ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, o PS entregou a António Filipe, o presidente da comissão de inquérito ao Banif, um requerimento que retoma o tema.

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Um dia depois de saber da contratação, pela Arrow Global Group, da ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, o PS entregou a António Filipe, o presidente da comissão de inquérito ao Banif, um requerimento que retoma o tema.

O PS convoca para depor na comissão os dois responsáveis da empresa Whitestar Asset Solutions, John Calvão e João Ferreira Marques, que em 2015 foi comprada pelo grupo em que Maria Luís Albuquerque vai agora trabalhar. Sublinhando que a Whitestar “comprou ao Banif cerca de 300 milhões de euros de crédito malparado”, em 2014, o requerimento lembra que, “mais recentemente, a Whitestar Asset Solutions foi contratada para avaliar a carteira de crédito em risco e imóveis da Oitante”, o veículo criado para agrupar os “activos tóxicos” do mesmo Banif.

Os deputados do PS referem ainda que foi o CEO da Arrow quem, em comunicado, salientou “a importância do percurso político de Maria Luís Albuquerque para a referida contratação”. “Face ao exposto, e em bom abono da verdade, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista pretende aferir qual a influência da sociedade Whitestar Asset Solutions no âmbito do processo Banif e quais os contactos que foram estabelecidos nesse âmbito entre os responsáveis da sociedade e Maria Luís Albuquerque.”

A ex-ministra das Finanças vai ser administradora não-executiva da Arrow Global, uma empresa anglo-saxónica especializada na angariação e recuperação de dívida pública e privada e de análise de risco. A informação foi revelada pela própria empresa, onde Maria Luís Albuquerque terá funções nas áreas de auditoria e risco.

O objectivo da sociedade, uma filial britânica do grupo norte-americano, é a aquisição com fortes descontos de activos detidos por sociedades financeiras, como créditos bancários ou divida pública. A seguir à reabilitação ou reestruturação, esses activos são colocados à venda, com mais-valias. Em Portugal, a empresa gere cerca de 5,5 mil milhões de euros, tendo entre os seus clientes alguns dos principais bancos e seguradoras: Banif, Millennium BCP, Montepio, Santander, Banco Popular, entre outros. Maria Luís Albuquerque, nas suas funções de governante, tinha como competência a gestão de dívida pública nacional e a salvaguarda do sector financeiro.

A Arrow Global Group PLC adquiriu a meio do ano passado as sociedades portuguesas Whitestar Asset Solutions e a Gesphone, por 48 milhões de euros (a pagar em dois anos), cujos activos sob gestão em Portugal atingem 2300 milhões de euros. Em 2014, a Whitestar (gerida por John Calvão e João Ferreira Marques) comprou ao Banif cerca de 300 milhões de euros de crédito mal parado e com esta operação o banco obteve uma mais-valia na ordem dos 40 milhões. Em 2014, Maria Luís Albuquerque era a representante do maior accionista do Banif, o Estado português.

Mas a relação da Arrow com o Banif não fica por aí. A Oitante, que é a sociedade criada para “limpar” os activos tóxicos ao Banif, abriu um concurso para venda de créditos em risco e imóveis, no valor de 1500 milhões de euros. E contratou para avaliar o valor dessa carteira a já referida Whitestar. Do outro lado, entre as empresas que se propõem comprar esses activos está a Carval, do mesmo grupo Arrow, que acaba de contratar Maria Luís Albuquerque.