Os principais acontecimentos que marcam o BPI

Veja os principais momentos ligados ao que se passa hoje no banco.

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Rita Baleia

1985

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1985

A SPI, criada em 1981, passa a banco de investimento, com a possibilidade de captar depósitos e fazer empréstimos. Era o início do Banco Português de Investimentos (BPI), liderado por Artur Santos Silva e para o qual Fernando Ulrich, actual presidente executivo, entraria em 1983.

1995

O BPI procede a uma reorganização, com a criação de uma holding bancária, o BPI SGPS, que passa a ser a sociedade cotada em bolsa, e que agrega o BF&B e o BPI. A catalã La Caixa e a seguradora alemã Allianz entram no capital da instituição, juntando-se ao Itaú.

1996 

O BPI assegura a privatização do grupo BFE, que engloba o Banco de Fomento Exterior e o Banco Borges & Irmão, fazendo crescer a sua rede comercial a nível nacional e abrindo portas em Angola e Moçambique. Dois anos depois, as marcas e as instituições são alvo de fusão, dando origem ao Banco BPI (banca comercial), além do BPI – Investimentos.

2002 

Reorganização do grupo, com o BPI SGPS a absorver o Banco BPI. A sucursal de Angola passa a banco de direito angolano e surge o Banco de Fomento Angola (BFA).

2004

A assembleia geral de accionistas de 20 de Abril marca o fim das funções executivas de Artur Santos Silva, por limite de idade (62 anos) que passa a presidente do conselho de administração. O cargo de CEO passa então para Fernando Ulrich. Por esta altura, os direitos de voto estão limitados a 12,5% (valor a partir do qual a blindagem impede a utilização de uma posição maior, garantindo distribuição de peso accionista e mais autonomia de gestão).

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Artur Santos Silva Nelson Garrido

2007 

A OPA do BCP, iniciada em 2006, depois de ter recebido a luz verde da Autoridade da Concorrência, arranca oficialmente a 10 de Abril. Duas semanas depois, o BCP aumenta o valor oferecido, subindo de 5,7 para sete euros por acção. No dia 7 de Maio, são conhecidos os resultados da oferta, que acaba por ser rejeitada por esmagadora maioria (só 3,9% do capital do BPI aceita). Em Outubro, há uma manobra alternativa da gestão do BPI, que propõe uma fusão ao BCP. As negociações terminam sem sucesso no final de Novembro.

2008

O BPI anuncia que a operadora de telecomunicações angolana Unitel vai ficar com 49,9% do banco do BPI em Angola, o BFA. A empresária Isabel dos Santos, filha do Presidente da República de Angola, controla a Unitel, onde tem, pelo menos, 25% do capital. A operação é concretizada em Dezembro, o mesmo mês em que o BCP vende os 9,69% que detinha no BPI a Isabel dos Santos, que passa a ser o terceiro maior accionista. Os direitos de voto continuam limitados a 17,5%. Em 2009, o tecto volta a subir, passando a blindagem para 20%.

2012

O ano é marcado por uma profunda mudança accionista, com a saída do Itaú. Em Abril, os brasileiros acabam por vender sua posição ao CaixaBank/La Caixa. Na altura, os catalães ficaram com os 18,87% do Itaú por 93,4 milhões de euros (50 cêntimos por acção). Com essa operação, sobem a posição para 49%. No entanto, a blindagem dos direitos de voto a 20% permitiu que não fosse lançada uma OPA. De seguida, o CaixaBank alienou uma fatia das acções a Isabel dos Santos, descendo a sua posição para os actuais 44,1%. Quanto à empresária angolana assegura o lugar de segundo maior accionista, com 19%.

2014 

Em Dezembro, o banco comunica que o Banco Central Europeu (BCE) mudou a forma como enquadra a supervisão dos activos do BPI em Angola (os 51% do BFA), o que aumenta a exposição da instituição aos grandes riscos. O problema tem de ser resolvido nos primeiros meses de 2016.

2015

17 de Fevereiro  - O CaixaBank/La Caixa anuncia uma OPA sobre o BPI. O objectivo é acabar com os limites aos direitos de voto, e assegurar a maioria do capital. Isabel dos Santos mostra resistências ao negócio.

3 de Março  - BCP confirma que Isabel dos Santos quer promover uma fusão entre esta instituição e o BPI, quase oito anos depois de uma estratégia com características semelhantes ter falhado.

17 de Junho  - A proposta do CaixaBank/La Caixa não passa em assembleia geral de accionistas. A OPA fica pelo caminho.

28 de Dezembro  - BPI dá o primeiro passo para separar os negócios em Angola e Moçambique (e com isso resolver a questão em aberto com o BCE) ao apresentar na conservatória de registo comercial o projecto de cisão simples, mas sem antes chegar a acordo com Isabel dos Santos.

2016

3 de Janeiro  - A Unitel, através de uma carta datada de 31 de Dezembro, propõe-se ficar com mais 10% do capital do BFA, passando a dominar, com 60% do capital. Em troca, pagará um total de 140 milhões de euros, em várias fases. A proposta está válida até ao final de Janeiro. 

27 de Janeiro - No dia em que apresentou os seus resultados anuais (com um lucro de 236,4 milhões), a comissão executiva anuncia que a administração do banco rejeitou a oferta de Isabel dos Santos pelo BFA.

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Isabel dos Santos Nuno Ferreira Santos

4 de Fevereiro - Em véspera de assembleia-geral (AG) para votar a cisão simples dos negócios africanos, o BPI comunica que a administração votou por maioria uma proposta da comissão executiva para acabar com blindagem dos estatutos (que restringe os direitos de voto a 20% do capital). O Caixabank afirma que tomará as “decisões que considere apropriadas” em função do resultado da votação. Ainda não há data marcada para esta AG.

5 de Fevereiro – Proposta de cisão simples dos activos africanos do BPI foi travada em assembleia-geral, contando com os votos contra de Isabel dos Santos. O presidente executivo, Fernando Ulrich, declara que “o interesse fundamental do banco não foi tido em consideração, mas [sim] outros interesses", e diz que se verifica uma “situação complicada”.

26 de Fevereiro – O BPI informa nessa sexta-feira à noite que o BIC Angola, onde Isabel dos Santos é o maior accionista, detém uma participação qualificada no banco português, de 2,28%. No domingo, o PÚBLICO esclarece que a posição não constituía um movimento recente, e que fora o regulador a obrigar o reconhecimento desta posição (desconhecida até aqui, uma vez que o BIC ficou com 1,9% e dois dos seus gestores detinham outros 0,38%). No dia 2 de Março, o BPI vem esclarecer, por via de mais dados do BIC, que os 2% tinham sido já ultrapassados em 11 de Abril de 2013 ou seja, há quase três anos.  

1 de Março – A Bloomberg noticia, à noite, que o Caixabank está a negociar com Isabel dos Santos a compra da posição da empresária angolana no BPI.

2 de Março – O valor das acções do BPI disparam em bolsa na sequência da notícia da Bloomberg. Pelas 11 horas, os títulos são suspensos pelo regulador do mercado de capitais, que pediu esclarecimentos aos intervenientes.

3 de Março  - As acções do BPI voltaram à negociação em bolsa, a subir, após o Caixabank e a Santoro terem confirmado, em comunicados distintos, e nuances, que havia conversações em curso, mas ainda sem acordo.

10 de Abril  - À noite, no último dia do prazo que tinha sido dado pelo BCE para o banco resolver a exposição a Angola, o BPI divulga um comunicado onde diz que as negociações entre o Caixabank e a Santoro foram encerradas "com sucesso",mas os termos do acordo ainda seriam revertidos em documentos a divulgar posteriormente.

11 de Abril -  O regulador do mercado de capitais, a CMVM, suspende a negociação das acções do BPI.O primeiro-ministro, António Costa, surge a afirmar que o acordo é "um sinal de confiança" e vem ajudar a estabilizar o sistema financeiro português.

16 de Abril  - Os sinais de que algo não estava a correr bem são confirmados por uma nota enviada pela Santoro, onde Isabel dos Santos refere a existência de "elementos pendentes" nas negociações.

17 de Abril  - O BPI divulga um comunicado onde afirma que, afinal, não houve acordo entre os dois maiores accionistas do banco.
"A Santoro Finance desrespeitou o que tinha acordado e veio a solicitar alterações aos documentos contratuais", afirmou o BPI.

18 de Abril - O Caixabank lança uma nova OPA sobre o BPI, desta feita a 1,113 euros por acção, ou seja, a um valor mais baixo do que na investida anterior. E afirma que pediu ao BCE a suspensão de uma eventual sanção pela exposição a Angola.
No mesmo dia, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, promulga o diploma do Governo que vai facilitar a desblindagem de estatutos das empresas financeiras, medida que pretende resolver a situação do BPI. A iniciativa legislativa tinha sido aprovada no Conselho de Ministros da passada quinta-feira, mas sem que tal fosse anunciado.

19 de Abril  - A CMVM levanta a suspensão da negociação das acções, após o BPI ter comunicado que  está a aguardar decisão do BCE sobre sanções relativas à exposição a Angola. Títulos retomam a negociação em queda. Pouco depois, surge um comunicado da Santoro que, entre vários aspectos, ataca a iniciativa legislativa do Governo, afirmando que esta é “historicamente sem precedentes” para além de “parcial” e em benefício do grupo espanhol.