A classificação da I Liga é comandada pelo Sporting, actualmente com um ponto de vantagem sobre o Benfica e quatro em relação ao FC Porto, mas seria bem diferente se a tabela tivesse em consideração os gastos dos três clubes em salários. Os “dragões” são aqueles que mais encargos têm com pessoal, de acordo com os dados patentes no relatório e contas consolidado do primeiro semestre de 2015-16 enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A alguma distância seguem Benfica e Sporting, que também comunicaram ao regulador os resultados dos primeiros seis meses da época em curso.

A classificação da I Liga é comandada pelo Sporting, actualmente com um ponto de vantagem sobre o Benfica e quatro em relação ao FC Porto, mas seria bem diferente se a tabela tivesse em consideração os gastos dos três clubes em salários. Os “dragões” são aqueles que mais encargos têm com pessoal, de acordo com os dados patentes no relatório e contas consolidado do primeiro semestre de 2015-16 enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A alguma distância seguem Benfica e Sporting, que também comunicaram ao regulador os resultados dos primeiros seis meses da época em curso.

Há 36,8 milhões de euros inscritos na rubrica “custos com pessoal” nas contas da SAD do FC Porto, embora o montante relativo a remunerações de atletas e técnicos seja de 28,2 milhões de euros. “Ainda que os encargos salariais com os atletas tenham crescido no período em análise, os custos com o pessoal foram também significativamente influenciados pela integração da Avenida dos Aliados, com os seus vários colaboradores, no perímetro de consolidação da FC Porto – Futebol, SAD”, explicam os autores do relatório e contas da SAD “portista”, referindo-se à sociedade que explora o Porto Canal.

Os gastos totais do FC Porto com os seus futebolistas e treinadores, praticamente inalterados em relação ao primeiro semestre de 2014-15, não têm paralelo nas contas dos outros dois “grandes”. A SAD do Benfica comunicou à CMVM encargos com pessoal na ordem dos 26,5 milhões de euros (menos três milhões do que no semestre homólogo), dos quais 22,8 milhões correspondentes a “salários de atletas, equipa técnica, pessoal de apoio técnico e administrativos”. Os “encarnados” cortaram quase um milhão de euros nos gastos com remunerações.

Por seu lado, o Sporting viu as despesas com remunerações dispararem: a SAD “leonina” registou 23,5 milhões de euros em gastos com pessoal. Excluindo as remunerações dos órgãos sociais e outras rubricas, ficam 19,2 milhões em salários. Por comparação, em Dezembro de 2014, o Sporting gastava 10,2 milhões em salários – um crescimento de 88% explicado pelos autores do relatório e contas com o investimento feito na equipa. “O aumento verificado nas remunerações do pessoal decorre essencialmente do reforço efectuado durante este semestre no plantel com a contratação da equipa técnica, aquisições de jogadores e renovações de contratos de trabalho desportivo de modo a garantir a necessária sustentabilidade da performance desportiva da Sporting SAD”, pode ler-se.

Outro aspecto que se destaca na prestação semestral de contas dos três “grandes” do futebol português são os prejuízos registados por Sporting (18,1 milhões de euros) e FC Porto (17,6 milhões). Num comunicado publicado no site oficial do Sporting, a SAD “leonina” explica o resultado negativo com “dois factores de conhecimento público: por um lado a sentença desfavorável no caso Doyen vs SCP e, por outro, a eliminação no play-off de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, nas condições e circunstâncias por demais conhecidas e comentadas”.

Sem a provisão de 14,2 milhões que o Sporting teve de pôr de lado para o caso de a justiça confirmar que tem de pagar uma indemnização ao fundo com o qual partilhava o passe do argentino Marcos Rojo, transferido para o Manchester United, a SAD leonina diz que teria um prejuízo de apenas 3,9 milhões. O Sporting adianta ainda que as vendas dos passes de Fredy Montero e Valentín Viola renderam 4,6 milhões de euros mas só serão contabilizadas nas contas do terceiro trimestre.

O FC Porto, por sua vez, agravou os prejuízos, fechando o semestre com perdas de 17,6 milhões, o que o clube atribui principalmente “à diminuição dos proveitos operacionais”. Estas receitas operacionais caíram de 51,3 milhões de euros no primeiro semestre da época passada para os 42,8 milhões entre Julho e Dezembro de 2015. Já os custos operacionais subiram de 59,9 para 62,4 milhões de euros. A SAD portista salienta ainda que estes resultados não incluem a venda do passe de Imbula para o Stoke City, por 24 milhões, que entrará nas contas apenas no terceiro trimestre da época.

Já o Benfica apresentou lucros pelo segundo semestre seguido, ancorado nos prémios da UEFA (que atingiram os 20,5 milhões de euros e passaram a ser “a fonte de rendimentos operacionais mais relevante”) e na venda de jogadores como Ivan Cavaleiro e Lima (o rendimento destas transferências atingiu os 23,5 milhões). No documento enviado à CMVM, a SAD “encarnada” faz uma análise destes seis meses, falando numa “época de transição”. “A aposta na formação como um dos principais campos de recrutamento para a equipa A é uma aposta ganha. Assim, o futuro permitirá ver no nosso plantel um cada vez maior número de jogadores formados internamente”, pode ler-se.

O passivo da SAD do Benfica baixou apenas ligeiramente (0,1%), mantendo-se nos 429 milhões de euros. A tendência foi contrária nos “dragões”: “Relativamente ao passivo, que atinge os 287,3 milhões em 31 de Dezembro de 2015, verificou-se um crescimento de 11,2 milhões”, escrevem os responsáveis da SAD. Quanto ao Sporting, o passivo situa-se nos 255 milhões de euros, com um acréscimo de 26,6 milhões devido ao registo da provisão relacionada com o processo Doyen e ao aumento do endividamento bancário.