Taxistas pedem a ministro da Economia que faça "cumprir a lei" em relação à Uber
ANTRAL manifestou a sua “estupefacção” por o ministro ter dito que todos devem "estar abertos a novas formas de concorrência"
A Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL) pediu nesta segunda-feira, em carta aberta, que o ministro da Economia faça “cumprir a lei” relativamente à plataforma Uber (serviço de transporte privado pedido através de uma aplicação móvel).
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A Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL) pediu nesta segunda-feira, em carta aberta, que o ministro da Economia faça “cumprir a lei” relativamente à plataforma Uber (serviço de transporte privado pedido através de uma aplicação móvel).
“Pedimos que faça o favor de cumprir a lei quando, diante dos olhos, se coloca uma actividade ilegal e criminosa”, lê-se na carta aberta da ANTRAL ao ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, hoje divulgada.
No início da carta, a ANTRAL manifestou a sua “estupefacção” face a declarações sobre a Uber feitas pelo responsável pela pasta da Economia no final de uma audição parlamentar sobre o Orçamento do Estado.
“Temos de estar abertos a novas formas de concorrência, temos de ter consciência que não é por decreto que elas são anuladas”, afirmou Manuel Caldeira Cabral na altura.
“Em Portugal, quando um organismo regulador da actividade que está em causa falha, alguém tem de intervir”, defende a Associação, recordando que “depois de o regulador IMT [Instituto da Mobilidade e dos Transportes], a instâncias da ANTRAL, ter sido obrigado a escrever que a actividade da Uber é ilegal (leia-se de transporte comercial e não de uma mera exploração de uma plataforma informática ou de partilha), exigia-se que procedesse a uma actuação firme, dissuasora e punitiva, para evitar o transporte ilegal que confirmou estar a acontecer”.
O Ministério da Economia enviou, em Outubro, à empresa que gere a aplicação de transportes Uber em Portugal um pedido de esclarecimento acerca do funcionamento da empresa no país, nomeadamente se está ou não a cumprir decisões do tribunal.
Numa carta, a que a Lusa acesso, o Ministério da Economia justifica que “a prestação de serviços por parte da Uber em Portugal tem suscitado diversas questões, designadamente relacionadas com o seu enquadramento regulatório e fiscal, as quais se torna necessário clarificar”.
O ministério questiona se a empresa está a cumprir as sentenças do tribunal de Lisboa, que, em Abril, aceitou uma providência cautelar para suspender o seu funcionamento em Portugal, decisão confirmada em Junho.
Na carta aberta, a ANTRAL desafia o ministro “a divulgar essa carta e a resposta”.
Na quinta-feira, representantes da Antral e da Federação Portuguesa do Táxi reuniram-se com o ministro do Ambiente para reclamar medidas contra a Uber.
Os dirigentes das duas organizações, Florêncio Almeida e Carlos Ramos, respectivamente, decidiram esperar até 14 Março, data da nova reunião no Ministério do Ambiente, para ver qual a posição que o ministro, João Pedro Fernandes, vai defender.
Entendem, porém, que, até agora, o que tem acontecido é “um empurrar com a barriga para a frente”, por “medo de enfrentar uma multinacional como a Uber”.
Os taxistas afirmaram que o problema é político, que é preciso “acabar com a Uber no país” e que os carros da empresa deveriam ser apreendidos.
Dezenas de taxistas manifestaram-se na quarta-feira no aeroporto de Lisboa.
O Governo solicitou, entretanto, à Comissão Europeia informação sobre o serviço de transporte privado Uber, para a adopção de "uma estratégia comum".
A empresa que gere o serviço Uber em Portugal, por seu lado, considerou que os taxistas têm direito a manifestar-se de forma pacífica e mostrou-se disponível para dialogar com os operadores no sector da mobilidade.