Mais consumo privado e público explica crescimento de 1,5% em 2015
O consumo acelerou, compensando o abrandamento registado no investimento no ano passado. As exportações também ajudaram, mas voltaram a crescer menos do que as importações.
Foi graças a uma aceleração do consumo das famílias, da despesa das Administrações Públicas e das exportações que a economia portuguesa garantiu um crescimento da economia em 2015 de 1,5%, mais do que os 0,9% de 2014. O abrandamento do investimento e um aumento mais forte das importações contribuíram para limitar a variação do PIB no ano passado.
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Foi graças a uma aceleração do consumo das famílias, da despesa das Administrações Públicas e das exportações que a economia portuguesa garantiu um crescimento da economia em 2015 de 1,5%, mais do que os 0,9% de 2014. O abrandamento do investimento e um aumento mais forte das importações contribuíram para limitar a variação do PIB no ano passado.
Depois da estimativa rápida que já tinha apresentado na primeira metade do mês, o Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou esta segunda-feira que a economia portuguesa registou em 2015 um crescimento de 1,5%. Este número representa uma aceleração face aos 0,9% do ano anterior, mas fica também ligeiramente abaixo dos 1,6% que tinham sido previstos pelo anterior Governo nas suas últimas expectativas.
Os novos dados agora divulgados pelo INE mostram como é que se operou esta aceleração da economia no decorrer de 2015. O aumento de 0,6 pontos percentuais registado na variação do PIB é explicado em partes iguais pelo contributo da procura interna e da procura externa.
A procura interna continuou a ser o motor da economia, com o seu contributo para a variação do PIB a passar de 2,2 pontos percentuais para 2,5 pontos. Em simultâneo, o contributo negativo da procura externa passou de -1,3 pontos para -1 pontos.
No entanto, dentro destes dois indicadores, verificaram-se tendências muito distintas. Na procura interna, é evidente o papel desempenhado pelo consumo das famílias, que acelerou de uma taxa de crescimento de 2,2% em 2014 para 2,6% em 2015.
Para além disso, a despesa das Administrações Públicas registou em 2015, pela primeira vez desde 2009, uma taxa de crescimento positiva, de 0,8% (em 2014, a taxa de variação tinha sido de -0,5%). A mudança do padrão de consolidação orçamental seguido no ano passado face aos anos de forte austeridade adoptados anteriormente teve aqui, de forma directa, um efeito no ritmo de crescimento do PIB.
Dentro da procura interna, houve, no entanto, um indicador que registou um declínio em 2015. O investimento, que tinha crescido 5,1% em 2014, subiu apenas 3,6% em 2015, ajudando por isso menos a economia a crescer durante o ano passado.
Do lado da procura externa, acompanhando a ligeira aceleração da economia da zona euro, as exportações melhoraram o seu desempenho face ao que tinha acontecido em 2014. Neste indicador, passou-se de um crescimento de 3,9% para 5,1%.
Contudo, as importações voltaram a crescer mais do que as exportações (algo que já tinha acontecido em 2014), tendo mesmo acelerado ligeiramente, de uma variação anual de 7,2% em 2014 para 7,3% em 2015.
O INE confirmou também que, nos últimos três meses do ano, se voltaram a registar sinais de abrandamento económico. Nesse período, a economia cresceu 0,2% face ao trimestre imediatamente anterior, o que colocou a taxa de variação homóloga do quarto trimestre do ano em 1,3% (uma ligeira revisão em alta face aos 1,2% avançados na estimativa rápida).
No primeiro trimestre do ano, a economia tinha arrancado com uma variação homóloga do PIB de 1,7%, que passou depois para 1,5% no segundo trimestre, 1,4% no terceiro e, finalmente, 1,3% no quarto.
Para este abrandamento nos últimos três meses do ano, a principal explicação acabou por vir das exportações, cuja variação homóloga passou de 4% no terceiro trimestre para 2,3% no quarto. As importações também abrandaram (de 5,4% para 4,3%), mas mesmo assim o contributo da procura externa líquida passou de -0,7 pontos percentuais para -0,9 pontos. O abrandamento das exportações acontece a par com a deterioração registada na conjuntura económica internacional durante os últimos meses, tanto na zona euro, como principalmente nos mercados emergentes.
O contributo da procura interna, tanto ao nível do consumo, como da despesa pública e do investimento, manteve-se estável no quarto trimestre do ano.