#OscarsSoWhite: um grito de revolta em formato hashtag
Independentemente das questões de fundo por detrás das nomeações para a edição deste ano dos Óscares, é claramente uma marca dos dias de hoje que o protesto tenha adquirido força nas redes sociais.
Com excepção do realizador mexicano Alejandro G. Iñarritu, nenhum actor ou realizador negro ou latino foi nomeado para qualquer uma das seis categorias principais da edição deste ano dos Óscares, nomeadamente de Melhor Actriz, Melhor Actor, Melhor Actriz Secundária, Melhor Actor Secundário, Melhor Realizador e Melhor Filme. Aliás, nos oito filmes nomeados para esta última categoria, todos os actores principais são brancos.
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Com excepção do realizador mexicano Alejandro G. Iñarritu, nenhum actor ou realizador negro ou latino foi nomeado para qualquer uma das seis categorias principais da edição deste ano dos Óscares, nomeadamente de Melhor Actriz, Melhor Actor, Melhor Actriz Secundária, Melhor Actor Secundário, Melhor Realizador e Melhor Filme. Aliás, nos oito filmes nomeados para esta última categoria, todos os actores principais são brancos.
Já no ano passado o cenário tinha sido idêntico, o que levou April Reign, editora do site Broadway Black, à criação da hashtag #OscarsSoWhite. Mais do que apenas uma hashtag, April pretendia criar um verdadeiro movimento social. E conseguiu. Desde 22 de Janeiro, quando foram conhecidos os nomeados para a edição deste ano dos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, voltaram a surgir inúmeras publicações com #OscarsSoWhite, inflamando um animado debate nos sites de redes sociais, principalmente no Twitter.
Há os críticos que acusam a academia de ter a intenção de “branquear” os Óscares, e há até figuras públicas, como o realizador Spike Lee ou o actor Will Smith, que admitem fazer um boicote à edição deste ano da cerimónia. Mas há também os que, como a actriz Helen Mirren, afirmam que as acusações sobre a academia são injustas, porque é por mero acaso que a maior parte dos nomeados são brancos. Independentemente destas questões de fundo, por detrás desta história, é claramente uma marca do tempo em que vivemos o facto de o grito de protesto surgir em forma de hashtag.
É também um sinal do poder que os social media conferiram às pessoas. Como já tinha acontecido na Primavera Árabe, mas aqui com muito mais força e com consequências muito mais intensas, #OscarsSoWhite permitiu que um grupo de pessoas passasse a sua mensagem sem necessitar de ir para a rua em protesto ou de ter acesso aos media para a espalhar.
É também um sinal dos tempos, e algo recorrente, que os meios de comunicação “tradicionais” encontrem nos social media os temas e as histórias que depois noticiam, amplificando assim fenómenos que nascem e crescem no Twitter ou no Facebook, por exemplo.
Independentemente de quem irá levar mais estatuetas para casa na noite de domingo, o grande vencedor dos Óscares deste ano pode muito bem ser a hashtag #OscaresSoWhite. Pelo menos pelo mediatismo criado e pela discussão que suscitou em torno da ausência de diversidade cultural nas mais importantes categorias dos Óscares. #OscaresSoWhite marca, de forma inegável, a 88.ª edição dos prémios mais relevantes do cinema. Como já tinha marcado a anterior.