Prejuízos da Repsol ultrapassam os mil milhões de euros
Empresa espanhola corta dividendo, reduz investimentos e prepara novas vendas de activos para fazer face à queda das cotações do petróleo.
À semelhança do que aconteceu com outras empresas do sector, os resultados de 2015 da Repsol reflectiram a cotação da queda do petróleo e do gás: as contas anuais saldaram-se com um prejuízo histórico de 1227 milhões de euros.
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À semelhança do que aconteceu com outras empresas do sector, os resultados de 2015 da Repsol reflectiram a cotação da queda do petróleo e do gás: as contas anuais saldaram-se com um prejuízo histórico de 1227 milhões de euros.
No comunicado divulgado esta quinta-feira, a petrolífera espanhola explicou o resultado com a necessidade de constituir provisões extraordinárias de 2957 milhões de euros para fazer face “ao nível muito deprimido de preços” que subtraiu valor aos seus activos.
Estas provisões poderão ser revertidas nos próximos anos se houver uma melhoria de preços, sublinhou a empresa presidida por Antonio Brufau. Excluindo o efeito dos preços do petróleo sobre os resultados, a Repsol registou um “resultado líquido ajustado” de 1860 milhões de euros (mais 9% face a 2014), sublinha o comunicado. Da mesma forma, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) calculado de forma a excluir itens extraordinários atingiu cinco mil milhões de euros, uma melhoria de 6% face a 2014.
Apesar da descida das cotações, a Repsol salienta que “os indicadores industriais e de actividade da companhia registaram crescimentos significativos”: a produção de petróleo cresceu 88% para 697.500 barris/dia, elevando o nível de reservas provadas em 54%, para 2373 milhões de barris equivalentes de petróleo. Ainda assim, o resultado da área de produção e exploração passou de lucro a prejuízo em 2015, com um resultado líquido negativo de 909 milhões.
A empresa destaca ainda os ganhos de eficiência da actividade de refinação de combustíveis e diz que a margem de refinação foi de 8,5 dólares por barril em 2015, o dobro face ao ano anterior. Nesta área de actividade, a empresa teve um resultado líquido ajustado de 2150 milhões de euros (mais 113% face a 2014).
Para contrabalançar a queda do petróleo, a Repsol anunciou que vai reduzir em cerca de 1800 milhões de euros o investimento previsto para 2016/2017, o que representa um desvio de 20% face ao que estava definido no seu plano estratégico. Assim, o investimento total deverá manter-se abaixo dos quatro mil milhões este ano, prevendo-se um montante similar em 2017.
Como forma de obter recursos adicionais, a empresa pretende continuar a vender activos. Uma dessas operações foi anunciada também esta quinta-feira e passa pela alienação do negócio de parques eólicos no Reino Unido (na costa este da Escócia) ao grupo chinês SDIC Power, por 238 milhões de euros.
A empresa (que tem actividade de distribuição de combustíveis em Portugal) anunciou ainda que vai propor aos accionistas um dividendo complementar de 0,30 euros por acção o que, nas contas do jornal Expansion, significa uma remuneração total de 0,77 euros por acção relativa a 2015, menos 20% que o dividendo ordinário de 0,96 euros que foi distribuído pelo exercício de 2014.
A Bloomberg refere que este é o primeiro corte de dividendos da empresa desde 2009 e lembra que a acção da Repsol foi o título com pior performance no sector petrolífero no ano passado.