Metade das grávidas com hipertensão desenvolve complicações

Metade das grávidas hipertensas, mesmo estando medicadas, desenvolvem complicações no parto ou pós-parto, segundo um estudo realizado no Centro Hospitalar do Baixo Vouga. A hipertensão arterial é uma das intercorrências clínicas mais frequentes na gravidez.

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Para os especialistas, o combate tem estado demasiado centrado nas mulheres grávidas Paulo Pimenta

O Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV) acompanhou 139 grávidas hipertensas, num estudo desenvolvido entre Janeiro de 2007 e Junho de 2015, e concluiu que apesar da existência de um controlo da tensão, 51,5% das grávidas com medicação prescrita apresentam eventos adversos no parto, puerpério ou pós-parto.

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O Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV) acompanhou 139 grávidas hipertensas, num estudo desenvolvido entre Janeiro de 2007 e Junho de 2015, e concluiu que apesar da existência de um controlo da tensão, 51,5% das grávidas com medicação prescrita apresentam eventos adversos no parto, puerpério ou pós-parto.

"O controlo de tensão não é suficiente para evitar complicações. A doença hiperactiva na gravidez não depende apenas do controlo tensional", explica José Mesquita Bastos, coordenador do estudo e cardiologista do Centro Hospitalar do Baixo Vouga.

A investigação vai ser apresentada no 10º Congresso Português de Hipertensão, que começa na próxima quinta-feira, em Vilamoura. Este trabalho mostra ainda que a hipertensão anterior à gravidez aumenta a probabilidade de outras complicações.

Por exemplo, a probabilidade de aparecer diabetes gestacional na gravidez com hipertensão arterial é de 21%, enquanto que numa gravidez normal é de apenas 12%. A hipertensão na gravidez está ligada à pré-eclampsia ou eclâmpsia, que pode mesmo levar a mulher à morte. Aliás, a hipertensão é responsável por 16% da mortalidade materna.

“Nos últimos anos temos assistido ao adiamento da primeira gravidez para idades cada vez mais avançadas, assim como a um menor número de gestações em cada mulher. A sociedade de consumo em que vivemos é responsável por hábitos de vida pouco saudáveis, obesidade, sedentarismo, tabagismo e hipertensão arterial. Isto cria problemas graves nas mulheres em idade fértil, agravando o prognóstico da gravidez.”, refere José Mesquita Bastos, coordenador do estudo, chefe de serviço e cardiologista do Serviço de Cardiologia do CHBV

O especialista alerta ainda para a importância de se fazer a medição da tensão arterial durante 24 horas (a MAPA -- monitorização ambulatória da pressão arterial), nomeadamente para detectar falsas hipertensas.

"O mapa é muito importante. Se formos medir a tensão por esse aparelho podemos ter a surpresa de 30% não serem hipertensas", refere o médico, explicando que muitas mulheres apresentam hipertensão em ambiente de consulta, numa reacção de alerta, mas que não se revela se for medida durante 24 horas.

A hipertensão arterial é uma das intercorrências clínicas mais frequentes na gravidez acarretando riscos quer para a saúde da mãe, quer para a saúde do bebé. Pode complicar a evolução normal da gravidez, condicionando a restrição de crescimento intra-uterino do feto, prematuridade ou mesmo a morte do feto.

O coordenador do estudo avisa que há riscos em medicar uma falsa hipertensa, nomeadamente porque pode diminuir-se a profusão da placenta e comprometer a alimentação do bebé. com Lusa