Iberdrola já informou o Governo que quer prosseguir com barragens do Tâmega

As três barragens, que implicam um investimento de cerca de 1200 milhões, estão no lote de projectos que o Governo está a analisar.

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Iberdrola planeia investir 24 mil milhões de euros até 2020 Foto: Bru Garcia/AFP

Apesar de o Ministério do Ambiente estar actualmente a avaliar os projectos do Plano Nacional de Barragens (PNB) que ainda não se iniciaram, a Iberdrola, que tem a concessão de três dessas barragens, anunciou nesta quarta-feira que quer prosseguir com a sua construção.

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Apesar de o Ministério do Ambiente estar actualmente a avaliar os projectos do Plano Nacional de Barragens (PNB) que ainda não se iniciaram, a Iberdrola, que tem a concessão de três dessas barragens, anunciou nesta quarta-feira que quer prosseguir com a sua construção.

De acordo com o plano estratégico para 2016/2020 divulgado ao mercado pela empresa espanhola, o desenvolvimento do complexo hidroeléctrico do Alto Tâmega vai mesmo prosseguir e espera-se que esteja concluído até 2021.

Contactada pelo PÚBLICO, fonte oficial da empresa espanhola garantiu que o novo ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, já foi informado desta intenção e sublinhou que os projectos do rio Tâmega estão fora da análise que o executivo português está a realizar. “Estamos cientes da intenção do Governo de reavaliar o PNB, contudo, essa revisão afecta apenas os projectos que ainda não se iniciaram e os do Tâmega já estão em curso”, afirmou o porta-voz da Iberdrola.

A mesma fonte adiantou que já começaram no terreno “as escavações dos túneis de acesso” e que os “restantes trabalhos preliminares estão correr como planeado”. Além disso, a Iberdrola garante que também já começaram as reuniões com as autarquias” para discutir os planos de envolvimento das comunidades que serão afectadas com a construção das novas hídricas.

A Iberdrola pagou cerca de 300 milhões de euros pela concessão de quatro barragens (um dos projectos, o de Padroselos viria a ser chumbado por razões ambientais), no âmbito dos concursos lançados em 2008 pelo Governo de José Sócrates. “Temos um acordo de concessão com o Estado português de 75 anos. Se o Governo recuar na decisão, assumimos que teremos de ser reembolsados por todos os custos que já assumimos”, disse o porta-voz da Iberdrola.

A empresa liderada por Ignacio Galán prevê investir um total de 24 mil milhões de euros até 2020, dos quais cerca  de 1200 milhões serão canalizados para as obras das barragens de Gouvães, Alto Tâmega/Vidago e Daivões. O projecto do sistema electroprodutor do Tâmega prevê uma potência instalada de 1,160 megawatts (MW) e a produção anual deverá alcançar os 1.800 gigawatts hora (GWh), o equivalente a 4% do consumo eléctrico em Portugal, segundo dados da empresa.

No Orçamento do Estado para 2016, o Governo disse pretender “reavaliar o Plano Nacional de Barragens, no que diz respeito às barragens cujas obras não se iniciaram”. O trabalho de análise está a decorrer, como adiantou na terça-feira o primeiro-ministro António Costa à deputada dos Verdes, Heloísa Apolónia, durante o debate da proposta orçamental.

Além das barragens da Iberdrola, estão nesta lista de projectos pendentes há quase uma década a barragem de Fridão (Tâmega), concessionada à EDP, e a de Girabolhos (Mondego), concessionada à Endesa. O presidente da Endesa Portugal, Nuno Ribeiro da Silva, disse ao PÚBLICO que a eléctrica está “a aguardar alguma clarificação do Governo sobre este tema”.