Javier Cercas vence Correntes d'Escritas
O júri da 17.ª edição do prémio literário distinguiu o escritor espanhol pelo romance As Leis da Fronteira.
O prémio Casino da Póvoa, no valor de 20 mil euros, foi atribuído esta quarta-feira, na 17.ª edição do festival Correntes d’Escritas, ao romancista espanhol Javier Cercas pelo seu romance As Leis da Fronteira, publicado em Portugal pela Assírio & Alvim.
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O prémio Casino da Póvoa, no valor de 20 mil euros, foi atribuído esta quarta-feira, na 17.ª edição do festival Correntes d’Escritas, ao romancista espanhol Javier Cercas pelo seu romance As Leis da Fronteira, publicado em Portugal pela Assírio & Alvim.
O júri, composto por Carlos Vaz Marques, Helena Vasconcelos, Isabel Pires de Lima, João Rios e José Manuel Fajardo, justificou a escolha, decidida por maioria, com “a atenção” que o autor presta “às grandes questões da sociedade contemporânea”, como a “inclusão e exclusão social”, a “demarcação de espaços de fronteira” ou “a experiência das margens e da conflitualidade”.
A acta do júri sublinha ainda a “construção narrativa atenta à polifonia de vozes e aos seus modos distintos de convocação da memória”, neste romance, originalmente publicado em 2012, que aborda a Espanha dos primeiros anos de democracia.
Nascido em 1962, Javier Cercas conquistou notoriedade internacional após a publicação do romance Soldados de Salamina (2001), editado em Portugal pela Asa. Já depois do agora premiado As Leis da Fronteira, Cercas publicou em 2014 O Impostor.
Os restantes 12 finalistas do prémio, ao qual concorreram 170 obras, eram Cláudia Clemente, Dulce Maria Cardoso, Valter Hugo Mãe, Mário de Carvalho, José Eduardo Agualusa, Luísa Costa Gomes, Valério Romão, Teresa Veiga, Paulo Castilho, Lídia Jorge, o brasileiro Daniel Galera e o cubano Leonardo Padura.
Javier Cercas não estava na sala quando foi anunciado o prémio, mas virá ao festival, onde participa, sexta-feira à noite, numa mesa-redonda que discutirá o tema O escritor mente, o leitor acredita.
Após o anúncio do prémio, a poeta e ensaísta Ana Luísa Amaral falou em nome dos escritores presentes, lembrando que os 17 anos do Correntes d’Escritas fazem deste festival “um caso sério e já antigo”, e sublinhando “o diálogo cúmplice” que o encontro da Póvoa proporciona entre escritores de vários países, “falando essa língua comum, mas sempre estrangeira, que é a literatura”.
O ministro da Cultura, João Soares, esteve presente na sessão, explicando que a sua presença se ficou a dever aos escritores e editores Maria do Rosário Pedreira e Manuel Alberto Valente, que, mal tomou posse, lhe disseram que tinha de ir ao Correntes d’Escritas. Manifestou-se satisfeito pela vitória de Javier Cercas, de quem já tinha lido As Leis da Fronteira e está agora a ler O Impostor.
O ministro terminou com uma homenagem a Manuela Ribeiro, a grande responsável pela organização do festival, cujo trabalho já tinha sido elogiado por Ana Luísa Amaral, e que foi aplaudida de pé.
O vereador da Cultura da Póvoa de Varzim, Luís Diamantino, homenageou ainda o padre e historiador poveiro João Francisco Marques, que morreu em Março de 2015, poucos dias após ter participado na anterior edição do festival, apresentando a obra completa de António Vieira. No final, foi apresentada a revista do Correntes d’Escritas, este ano dedicada ao romancista António Lobo Antunes.
Já no Cine-Teatro Garrett, o poeta e ensaísta Tolentino Mendonça abre esta tarde os trabalhos do festival com uma conferência inaugural intitulada O Silêncio dos Livros. Até dia 27, estarão reunidos na Póvoa de Varzim 80 escritores de expressão ibérica vindos de 11 países.