Construção pode perder este ano 35 mil postos de trabalho

Patrões e sindicatos divergem muitas vezes, mas no sector da construção estão, por ora, sintonizados: em vez de ser o ano da estabilização do sector, 2016 pode assistir ao desaparecimento de cerca de oito mil empresas.

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PÚBLICO/arquivo

No dia em que o Orçamento do Estado era votado e aprovado na generalidade, na  Assembleia da República, pelos partidos de esquerda, os presidentes do sindicato da construção, Albano Ribeiro, e da AICCOPN, a maior associação do sector da construção e obras públicas, Reis Campos, deram uma conferência de imprensa conjunta para alertar que a crise no sector ainda não acabou. E que estão em risco 35 mil postos de trabalho só este ano de 2016.  

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No dia em que o Orçamento do Estado era votado e aprovado na generalidade, na  Assembleia da República, pelos partidos de esquerda, os presidentes do sindicato da construção, Albano Ribeiro, e da AICCOPN, a maior associação do sector da construção e obras públicas, Reis Campos, deram uma conferência de imprensa conjunta para alertar que a crise no sector ainda não acabou. E que estão em risco 35 mil postos de trabalho só este ano de 2016.  

“Esperávamos que o ano de 2015 fosse o culminar de uma crise grave e que 2016 fosse um ano de estabilização. Constatámos que, na verdade, se perdeu meio ano [com o longo ciclo eleitoral e as respectivas mudanças de Governo] e temos de olhar para este sector de maneira diferente, sob pena de neste ano de 2016 se perderem 35 mil postos de trabalho e mais do dobro das empresas que encerraram o ano passado”, afirmou  Reis Campos. Por seu lado, Albano Ribeiro ajuda a perceber esse volume, lembrando que as grandes obras de construção, como aquelas que ocuparam mais de sete mil trabalhadores nos túneis do Marão ou nas barragens de Salamonde e Venda Nova, vão terminar no espaço de cinco meses. "Esses trabalhadores precisarão de ser absorvidos. Ouvi o primeiro-ministro falar da necessidade de criar emprego. A prioridade tem de ser dada a este sector”, apelou o sindicalista.

Por saberem que não há investimentos significativos previstos no Orçamento de Estado, patrões e sindicatos falaram, entretanto, a duas vozes para apelar a soluções. Albano Ribeiro defende que Portugal avance para a renegociação da dívida: “Portugal não pode,nem deve, fazer isso sozinho, mas concertado com outros países que estão na mesma situação, como Itália, Grécia ou Espanha ”. Porque, defende, é importante que apareça dinheiro para investir na reabilitação urbana e, só na cidade do Porto, exemplifica, existem 60 mil casas a precisar de intervenção. “É uma questão de segurança pública”, afirma o presidente do sindicato, dizendo que irá culpar o Governo e o primeiro-ministro se começarem a existir derrocadas nas cidades.

Reis Campos, por seu lado, é mais comedido nas propostas e prefere, ao invés, levantar questões: Por que é que não têm tido avanços significativos as propostas que estavam previstas no Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas  (PETI)? "Estavam previstas 53 obras até 2010 e mais de seis mil milhões de euros de investimento. Para já, só avançaram 16 obras, que significam pouco mais de 700 milhões”, acusa. Questiona ainda porque não foram apresentadas mais candidaturas ao chamado Plano Juncker, o plano de investimento lançado pela comissão Europeia que tem como objectivo criar 1,3 milhões de empregos e financiar investimentos até 315 mil milhões. “Portugal apresentou propostas de 31 mil milhões, ou seja, apenas 10%”, acusa Reis Campos.