Pedro Passos Coelho
Esta reviravolta de Passos Coelho é tanto mais desgraçada quanto a social-democracia deixou de fazer sentido.
Quando Pedro Passos Coelho se declarou um social-democrata de “sempre” e para “sempre” apagou a obstinação, a coragem e a clarividência com que governou durante quatro anos. Nada o desculpa. Principalmente não o desculpa que este estranhíssimo regresso ao passado tenha sido provocado pela necessidade táctica de conciliar ou, pelo menos, de calar a “esquerda” do partido, que desde 2011 se juntou à oposição e lhe fez todo o mal que pôde. Esta reviravolta de Passos Coelho é tanto mais desgraçada quanto a social-democracia deixou de fazer sentido e que hoje se limita à defesa da democracia e do Estado Social, duas coisas que em Portugal não estão ou estarão em risco num futuro previsível e que ao fim de 40 anos já não entusiasmam seja quem for.
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Quando Pedro Passos Coelho se declarou um social-democrata de “sempre” e para “sempre” apagou a obstinação, a coragem e a clarividência com que governou durante quatro anos. Nada o desculpa. Principalmente não o desculpa que este estranhíssimo regresso ao passado tenha sido provocado pela necessidade táctica de conciliar ou, pelo menos, de calar a “esquerda” do partido, que desde 2011 se juntou à oposição e lhe fez todo o mal que pôde. Esta reviravolta de Passos Coelho é tanto mais desgraçada quanto a social-democracia deixou de fazer sentido e que hoje se limita à defesa da democracia e do Estado Social, duas coisas que em Portugal não estão ou estarão em risco num futuro previsível e que ao fim de 40 anos já não entusiasmam seja quem for.
Não se percebe o que pretende Passos Coelho. Aumentar os serviços que o Estado hoje presta aos cidadãos? Aumentar a área da sociedade que depende do Estado ou que o Estado regula? Afogar o que ainda resta de autonomia e de iniciativa numa país mendigo e miserável? Porque se é isto que esconde a palavra “social-democracia”, há uma pequena coisa a dizer: o dr. António Costa e a extrema-esquerda são sem dúvida muito mais competentes para essa empreitada. Basta ouvir Catarina Martins ou Jerónimo da Sousa, que não abrem a boca sem sugerir que se gastem milhões sobre de euros, para promover a boa moral e a felicidade do povo. Para que se vai meter o PSD (e, por arrasto, o CDS) na feira demagógica para onde o PS nos conseguiu empurrar? Para chegar aonde?
Claro que a política portuguesa vive na iminência de eleições antecipadas. O Bloco, por exemplo, fala em 2017; e o PC, mais sombrio, até em 2016. Não me custa a acreditar que Passos Coelho acabasse por sofrer a influência da ralé partidária, que só pensa em ir para o “governo” o mais rapidamente possível e de qualquer maneira. E também, porque a conheço desde 1978, não me custa a acreditar que a dita ralé pense que leva a sua avante com um pouco de populismo, sob o nome absurdo de “social-democracia”. Cabe a Passos Coelho resistir a estas fantasias (para não lhes dar o nome que merecem) e preparar um plano para a direita ou, por outras palavras, para todo a gente à direita do PS. Se se confundir com a turva onda em que se tornou a antiga coligação CDS-PSD será mau para ele. E para nós.