Produtores pedem aos consumidores para exigir leite nacional nas prateleiras

Domingo, um grupo de produtores vai levar a família a um hipermercado em Barcelos para promover o leite e lacticínios nacionais.

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Preço do leite pago aos produtores motiva protestos Nelson Garrido

Com a crise instalada no sector, um grupo de produtores de leite e as suas famílias, deslocam-se, domingo, a um hipermercado Continente em Barcelos para pedir aos consumidores que comprem leite português e reclamem por melhor informação nos rótulos sobre a origem do produto.

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Com a crise instalada no sector, um grupo de produtores de leite e as suas famílias, deslocam-se, domingo, a um hipermercado Continente em Barcelos para pedir aos consumidores que comprem leite português e reclamem por melhor informação nos rótulos sobre a origem do produto.

A Aprolep (Associação dos Produtores de Leite de Portugal), que está a promover a iniciativa, acusa a distribuição e a indústria (que embala leite UHT ou o transforma em lacticínios) de se “recusarem a dar as mãos para salvar a produção nacional, através do escoamento da produção a um preço justo”. “Vamos insistir até que o Governo português defenda a produção nacional, na fiscalização intensiva dos produtos importados e na identificação da origem dos produtos. Os consumidores, que nos apoiam, têm o direito de encontrar a origem dos produtos devidamente identificada nos pontos de venda”, defende a Aprolep, em comunicado.

O preço do leite pago ao produtor está nos 28 cêntimos por litro, quando o custo de produção é de 34 cêntimos. O fim das quotas leiteiras, em Abril do ano passado, o prolongado embargo russo e uma quebra no consumo de leite provocaram uma derrapagem nos preços, para mínimos históricos. “Há situações desesperantes de agricultores que recebem menos de 20 cêntimos por litro de leite produzido, bem como outros que só poderão manter o preço se reduzirem drasticamente a produção. Estão em risco seis mil empresas de produção de leite, suas famílias, funcionários e toda a cadeia de fornecedores de produtos e serviços”, alerta a Aprolep, repetindo que a situação é inaceitável num país que importa quase 500 milhões de euros em produtos lácteos, dos quais 300 milhões em queijos e iogurtes”. “A solução é a substituição das importações de sobras de leite da Europa por leite e produtos lácteos nacionais, mais frescos, mais próximos e de qualidade comprovada, que fazem bem à saúde dos portugueses e da economia nacional”, defende.

A queda do preço do leite é geral na União Europeia. Em Janeiro, o preço médio entre 15 Estados-membros produtores foi de 30,40 cêntimos por litros (era 32,20 em Janeiro de 2015 e 40,75 cêntimos no mesmo mês de 2014). No período de Dezembro de 2014 e Dezembro de 2015, Portugal foi um dos países com maior queda no valor (de 16%), a par da Irlanda e da Hungria.

Esta semana, um camião com 30 mil litros de leite português foi barrado na Galiza. O leite foi despejado na rua por produtores espanhóis que tentam impedir a entrada de leite estrangeiro mais barato.

Capoulas Santos, ministro da Agricultura, já veio pedir uma “suspensão temporária” do embargo russo aos produtos alimentares produzidos na Europa. E defende a redução da oferta quer no leite, quer na suinicultura, que enfrenta problemas de baixa de preços semelhantes. Capoulas Santos defende que, para não “destruir o aparelho produtivo”, é preciso “subsidiar a alimentação quer das porcas reprodutoras, quer das vacas durante um certo período”.