Onde estudar videojogos em Portugal?

Existem em Portugal diversas instituições de ensino que têm cursos especializados em videojogos. Todos estes possuem diferentes valências e especializações

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Pixabay

Nestes últimos meses, tenho sido contactado por vários pais, cujos filhos desejam entrar brevemente num curso de videojogos e, naturalmente, como o nosso país não tem uma (grande) tradição na matéria, as questões dos progenitores são muitas. Normalmente, estão sempre relacionadas com saídas profissionais e cursos disponíveis.

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Nestes últimos meses, tenho sido contactado por vários pais, cujos filhos desejam entrar brevemente num curso de videojogos e, naturalmente, como o nosso país não tem uma (grande) tradição na matéria, as questões dos progenitores são muitas. Normalmente, estão sempre relacionadas com saídas profissionais e cursos disponíveis.

Sobre a indústria, já fiz uma breve introdução numa crónica publicada anteriormente. Porém, desta vez, vou focar-me na questão da oferta formativa. Afinal, onde estão esses cursos, o que oferecem, e onde está o seu foco? Neste momento, existem em Portugal diversas instituições de ensino com cursos especializados em videojogos. Todos elas possuem diferentes valências e especializações.

No ensino público, existem três cursos com licenciatura (de três anos). Em Leiria, temos o Instituto Politécnico de Leiria, com Jogos digitais e multimédia, cuja especialização é em arte e programação para consolas, mobile e computadores. No Norte do país, o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), oferece Design de jogos digitais, cujo foco está na arte e na programação. Quase ao seu lado, o Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), apresenta o curso Engenharia em desenvolvimento de jogos digitais, com valências em programação.

O sector privado também oferece várias opções para licenciaturas. Em Lisboa, na Universidade Lusófona encontra-se um curso bifurcado em programação e arte, chamado Aplicações multimédia e videojogos, com incidência nos jogos para computadores e mobile (tablets e telemóveis). Ainda na capital, a Universidade Europeia abriu recentemente, Games & Apps Development, cujo objectivo é formar programadores e artistas. Nas escolas profissionais, existem (ainda) mais opções: em Lisboa, o curso da ETIC, Animação e videojogos distingue-se por ser um HND (Higher National Diploma). Por outras palavras, é uma certificação universitária britânica na qual os alunos estudam dois anos em Portugal e o terceiro no Reino Unido.

A especialização é em arte e animação para consolas, computadores e mobile. Na mesma instituição, existe um outro curso, desta vez em Game Design, que está aberto no Algarve. De volta à Lisboa, encontramos a escola Restart com o curso Criação de videojogos, com especialização em programação e arte, tendo a duração de um ano, no qual o foco são os jogos para computador. Ainda nesta cidade, temos a World Academy e a Flag, que esperam estrear este ano os seus cursos de videojogos. Também existem cursos de mestrado (no IST e UBI). Mas, sobre esses, escrevo noutro dia.

Absorção no mercado de trabalho 

Quanto à colocação no mercado, ou saídas profissionais: actualmente, existem cerca de uma centena de empresas em Portugal, mas, mais de 70% são “startups” (recém-criadas). Por isso, a absorção de quadros pode acontecer rapidamente. Porém, a remuneração (quando existe) para iniciantes será um pouco abaixo da média europeia (senão mesmo da nacional). No entanto, tal como mencionado acima, existem cursos com parcerias internacionais, aumentando assim as colocações no mercado de trabalho fora do país. Além disso, Portugal tem atraído algum investimento internacional, tendo a MiniClip e a Marmalade aberto divisões no nosso território e, possivelmente, mais empresas semelhantes vão-lhe seguir os passos.

Na próxima e última crónica desta trilogia, vou tentar responder em maior detalhe, à questão sobre a empregabilidade desta área. Porém antes de finalizar, retomo a ideia que já defendi anteriormente. Esta indústria é muito competitiva, trabalha-se imenso — o já mencionado "crunch time" —, e muito dificilmente os resultados estarão à vista à curto prazo. A recompensa final pode ser extremamente atractiva, mas o caminho até lá (provavelmente) vai ser turbulento, senão mesmo incerto. Felizmente, a nossa indústria está em ritmo acelerado, o que pode abrir mais possibilidades num futuro próximo.