Morreu Boutros Boutros-Ghali, antigo secretário-geral da ONU

Diplomata egípcio tinha 93 anos.

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Boutros-Ghali foi secretário-geral entre 1992 e 1996 DR

O antigo secretário-geral das Nações Unidas Boutros Boutros-Ghali morreu aos 93 anos. A notícia foi dada esta terça-feira aos membros do Conselho de Segurança pelo embaixador venezuelano Rafael Dario Ramirez Carreno, que assegura a presidência daquele órgão durante o mês de Fevereiro.

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O antigo secretário-geral das Nações Unidas Boutros Boutros-Ghali morreu aos 93 anos. A notícia foi dada esta terça-feira aos membros do Conselho de Segurança pelo embaixador venezuelano Rafael Dario Ramirez Carreno, que assegura a presidência daquele órgão durante o mês de Fevereiro.

Os 15 membros do Conselho de Segurança observaram um minuto de silêncio em memória do diplomata egípcio que foi o primeiro africano a chegar ao posto de secretário-geral da ONU, uma função que desempenhou entre 1992 e 1996.

Como representante do continente africano, Boutros-Ghali foi responsável por organizar a primeira missão de auxílio humanitário de larga escala das Nações Unidas  à Somália devastada pela fome.  Mas, sublinha a Reuters, não foi bem sucedido nem naquele país do Corno de África nem noutras partes do globo.

Foi criticado pelo incapacidade das Nações Unidas agirem para travar o genocídio do Ruanda de 1994 e por não ter pressionado resolutamente para uma intervenção da ONU em Angola para travar a guerra civil durante os anos 1990, que na altura era um dos conflitos que há mais tempo se arrastava no mundo.

Boutros-Ghali foi vaiado em Sarajevo, Mogadishu e Addis Abeba. Mas isso não o impedia de confrontar as multidões de manifestantes quando os seus seguranças o permitiam. “Estou habitado a discutir com os fundamentalistas no Egipto”, disse numa entrevista antiga à Reuters.

Foi polémico em Sarajevo quando disse que não estava a minimizar os horrores da guerra na Bósnia mas que achava que existiam outros países onde “a mortandade absoluta era maior”.

Na Etiópia, disse aos senhores da guerra somalis e aos líderes tribais para pararem de acusar as Nações Unidas e ele próprio de colonialismo, acrescentando que os somalis deviam estar mais preocupados com a possibilidade das antigas potências coloniais ignorarem os seus compromissos se os combates continuassem. “A guerra fria acabou”, disse o então secretário-geral da ONU. “Ninguém quer saber dos países pobres de África ou de outras partes do mundo. A Somália pode ser facilmente esquecida em 24 horas.”