Exportações para os EUA atingiram o valor mais alto dos últimos dez anos
Combustíveis, medicamentos, calçado ou produtos agrícolas são dos bens mais vendidos para este mercado, o maior importador do mundo. Vendas cresceram 22% em 2015.
As exportações para os Estados Unidos atingiram, em 2015, o valor mais elevado dos últimos dez anos. Não só ultrapassaram os 2500 milhões de euros (68% de aumento entre 2000 e 2015), como destronaram Angola, até agora o principal destino dos bens nacionais para fora da União Europeia. Em comparação com 2014, as vendas portuguesas para aquele país subiram 22%. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que os EUA são o quinto principal cliente de Portugal, numa lista encabeçada por Espanha. Em 2014 ocupavam a sexta posição.
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As exportações para os Estados Unidos atingiram, em 2015, o valor mais elevado dos últimos dez anos. Não só ultrapassaram os 2500 milhões de euros (68% de aumento entre 2000 e 2015), como destronaram Angola, até agora o principal destino dos bens nacionais para fora da União Europeia. Em comparação com 2014, as vendas portuguesas para aquele país subiram 22%. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que os EUA são o quinto principal cliente de Portugal, numa lista encabeçada por Espanha. Em 2014 ocupavam a sexta posição.
Os combustíveis continuam a ser o produto mais vendido para os Estados Unidos – que é o maior importador mundial – e registaram um crescimento de 25% (para 670 milhões de euros) graças ao aumento da produção das refinarias da Galp, que trabalharam à capacidade máxima para aproveitar a descida de custos proporcionada pela desvalorização do crude. No conjunto, as refinarias de Sines e Matosinhos processaram cerca de 114,6 milhões de barris de matérias-primas (mais 23% do que em 2014), conseguindo um aumento de 37% nas quantidades de combustíveis (essencialmente gasolina, gasóleo e fuel) canalizadas para mercados externos como os Estados Unidos, Espanha, França e Países Baixos.
Entre os três produtos mais exportados estão os químicos, com destaque para os medicamentos: 245 milhões de euros, mais 20% face a 2014. Para a portuguesa Bial este é um cliente determinante já que 50% das vendas do seu fármaco para a epilepsia são feitas nos Estados Unidos.
Houve três categorias que alcançaram aumentos na ordem dos 50%: plásticos e borracha, calçado e produtos agrícolas. No caso dos plásticos, onde se incluem polímeros e silicones, o crescimento foi de 64%, para 135 milhões de euros. O calçado, que em termos globais cresceu apenas 1%, conseguiu alcançar 68 milhões de vendas, mais 22 milhões do que em 2014. Já nos produtos agrícolas, a evolução foi de 47%, de 32 milhões para 47 milhões de euros. No vasto universo de alimentos produzidos em Portugal, no ano passado destacaram-se o leite e os lacticínios que passaram de vendas de 3,4 milhões para 13,5 milhões de euros, ou seja, perto de 300% de aumento. Na imensa lista de produtos, destaque ainda para as pedras preciosas e joalharia. O montante vendido é pouco significativo (2,8 milhões) mas alcançaram uma subida de 129% num ano.
Mudança de atitude
Graça Didier, secretária-geral da Câmara Americana de Comércio em Portugal (AmCham), explica que a valorização do dólar ajudou a “tornar os produtos portugueses mais apelativos”, chegando aos Estados Unidos “com preços mais apetecíveis”. Contudo, este não é o único factor que ajuda a explicar o crescimento verificado em 2015. A situação de Angola ou do Brasil, a braços com crises económicas, fez com que as empresas olhassem para os EUA, “onde o risco é menor”. “Houve um reorientar de estratégia”, sublinha. Ao mesmo tempo, os investimentos feitos pelas empresas portuguesas nos últimos anos com estratégias de expansão para este mercado também ajudaram a conquistar mais clientes, sobretudo, em sectores como o calçado. “São situações que não têm resultados imediatos”, mas agora recolhem-se “os frutos dessa aposta”.
“Há também uma mudança de atitude das empresas portuguesas, que associa a tradição à inovação, o que permite a abordagem ao mercado americano, onde o design e a inovação são muito importantes. A nossa indústria têxtil, ou o sector da joalharia, fez essa mudança, chegando ao mercado com outro posicionamento. Não estão a apostar em preço pois não conseguiriam bater produtos chineses, mas apostam na qualidade e na inovação”, sublinha.
Para a embaixada dos Estados Unidos em Portugal o crescimento de 22% registado no ano passado não foi uma surpresa. “Sabíamos que as exportações portuguesas se estavam a desenvolver nos últimos anos e as vendas para os Estados Unidos cresceram, à semelhança do que aconteceu com outros mercados. Mas assistimos a um aumento do interesse de empresas e empreendedores portugueses em desenvolver uma relação comercial. Em certa medida, os Estados Unidos estão a acordar para Portugal e Portugal a acordar para os Estados Unidos", diz Benjamin A. Rockwell, chefe da unidade económica da Embaixada dos EUA. O nascimento de novos negócios em áreas como a biotecnologia ou tecnologias de informação colocou o tecido empresarial português na mira dos americanos e Benjamin A. Rockwell espera assistir a crescimentos nestes sectores nos próximos anos. “Pode ainda não haver grandes números na folha de Excel [que reflictam estas mudanças], mas o potencial é grande”, defende.
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O Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP, na sigla inglesa), que está a ser negociado entre os EUA e a UE, poderá ajudar as empresas a acelerar a internacionalização. O responsável pela unidade económica da embaixada defende que o tratado “é uma oportunidade única de encontrar forma de facilitar crescimento permanente, particularmente para países como Portugal". Sobre este assunto, Graça Didier recorda que, no imediato, as empresas vão conseguir reduzir os custos alfandegários. A longo prazo, o tratado torna “mais firmes e mais sustentáveis as trocas comerciais”.
Mais turistas americanos
Mas apesar da melhoria nas exportações, Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer nestas relações comerciais: é o 56º fornecedor de bens dos EUA (58º em 2014), com uma quota de apenas 0,15% no comércio internacional deste país. Ao mesmo tempo, o contributo dos Estados Unidos para o crescimento das exportações de bens portugueses foi de 3,6% em 2015 (1,7% em 2014), segundo os dados do INE compilados pela AICEP, a agência que promove o investimento externo.
Nos serviços, a importância deste mercado é mais visível: a quota dos EUA como cliente de Portugal é de 5% (no período de Janeiro a Novembro de 2015). Os números do Banco de Portugal sobre as exportações na área do turismo (que contabilizam os gastos dos turistas americanos em Portugal) também reflectem esta evolução. As receitas registadas pela hotelaria com estes clientes aumentaram 6% entre Janeiro e Novembro, face a 2014, para 487 milhões de euros, o equivalente a 5% do total gasto pelos turistas no país no período em análise. No número de dormidas, houve um crescimento 17% no ano passado.
Em 2015, os americanos passaram a ser uma das cinco nacionalidades que, quando visita Portugal, mais gasta em compras. Segundo os dados do reembolso de IVA (tax free) registados pela Global Blue, desembolsaram em média 493 euros e o número de compras cresceu 42%.