The Walking Dead: onde ficámos, para onde vamos (e haverá sangue)

Uma das séries mais vistas do mundo regressa esta segunda-feira para terminar a sexta temporada. O protagonista ficou "zangado e frustrado" e "doente" depois de ler o guião do último episódio.

Fotogaleria

Cobertos de vísceras, encurralados, separados e na iminência do aparecimento de um novo e grande vilão. Entre as séries que mais apaixonam públicos nos últimos anos está Walking Dead, um exemplar da categoria “tudo pode acontecer a qualquer personagem” que regressa na noite desta segunda-feira para a última parte da sua sexta temporada. As vísceras “não cheiram, mas são pegajosas”, e depois do confinamento vem “um mundo novo”. São as promessas de Deanna Monroe e de Rick Grimes. E vem aí um dos vilões mais emblemáticos, Negan?

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Cobertos de vísceras, encurralados, separados e na iminência do aparecimento de um novo e grande vilão. Entre as séries que mais apaixonam públicos nos últimos anos está Walking Dead, um exemplar da categoria “tudo pode acontecer a qualquer personagem” que regressa na noite desta segunda-feira para a última parte da sua sexta temporada. As vísceras “não cheiram, mas são pegajosas”, e depois do confinamento vem “um mundo novo”. São as promessas de Deanna Monroe e de Rick Grimes. E vem aí um dos vilões mais emblemáticos, Negan?

The Walking Dead partilha com Guerra dos Tronos - outra série de género que se ancora em livros já existentes e que não teme arriscar na narrativa, eliminando personagens centrais ou jogando cartadas de grande violência - o magnetismo da nova informação. A natureza serializada e o tipo de dispositivo narrativo que usa torna a curiosidade um bem de consumo de massas alimentado e discutido por sites, podcasts e pelo ocasional drone enviado para as filmagens em busca de novos dados.

A sua popularidade – “a maior série da TV”, escreve o Guardian, “uma das maiores séries na TV”, relativiza a Forbes – é mensurável não só pelas audiências (13 milhões de espectadores só na emissão em directo nos EUA) mas também por encimar anualmente as listas dos títulos mais pirateados.

Despedidas

Em Setembro, numa visita do PÚBLICO às filmagens de The Walking Dead, Tovah Feldshuh, a actriz que durante duas temporadas foi a líder de Alexandria - a comunidade fechada que existe na realidade, vedações de zinco enferrujado e tudo, em plena Geórgia – estava prestes a despedir-se do elenco. No oitavo episódio da sexta temporada da série sobre zombies (que afinal é sobre a essência da humanidade, criada a partir da série de comics de sucesso de Robert Kirkman), Deanna sucumbe à mordidela de walker - a gíria da série para zombies - que os jornalistas testemunharam, sem saber, nesse dia húmido e quente de fim de Verão no Sul americano.

Na sala da “sua” casa em Alexandria, o bairro arrumado de Senoia que acolhe as filmagens parte do ano, Feldshuh foi questionada sobre a quantidade de efeitos especiais – leia-se vísceras fingidas, sangue falso e outros adereços – com que tinha de lidar. “Não cheiram, mas são pegajosas”, comentou, e saem com álcool. Acabada de sair de uma cena de luta riu-se sobre a ironia de a sua personagem ser uma ex-congressista. “É como ter a Hillary Clinton num combate de wrestling, é extraordinário”.

Quando foi convidada para entrar no elenco, não via a série. Estava num barco, nas Galápagos. “A minha mãe tinha morrido há 60 dias”, contou. Disse ao showrunner da série, Scott Gimple: “Posso dar-lhe tudo menos tempo para desperdiçar. E este papel nunca desperdiçou o meu tempo”, disse, solene, confidenciando que a audição para o casting era de tal forma sigilosa que o papel que interpretou na altura foi de “chefe da CIA”.

Agora, a veterana da Broadway já não está lá. “Ninguém quer ir-se embora, [separar-se] desta sensação” de participar na mais vista série de um canal de televisão por subscrição nos EUA (em Portugal, é vista por uma média de 114 mil pessoas na Fox).

A morte de Deanna simboliza o fim de um capítulo particularmente doloroso, outra vez, para o grupo de sobreviventes liderado por Grimes – a comunidade de Alexandria foi invadida por walkers e, anteriormente, pelos Wolves, e o grupo está separado em vários pontos. Glenn, cujas notícias sobre a sua morte foram (para já) francamente exageradas, está lá fora e a sua mulher Maggie está no interior de Alexandria numa situação periclitante. Sitiados, os sobreviventes tentam sair disfarçando-se com restos de corpos que os tornam parcialmente invisíveis perante os mortos-vivos. 

Novidades

Rick Grimes é o líder do grupo e, de certa forma, o rosto da série. Em Alexandria há sempre qualquer coisa a acontecer na vivenda do vizinho e enquanto lá fora se filma e os habitantes fazem a sua vida entre dezenas de figurantes vestidos de walker – uma massa acastanhada, andrajosa e de caras maquilhadamente desfiguradas, Andrew Lincoln deixava uma pista para esta temporada de Walking Dead – “de repente a série muda, completamente, outra vez. Os horizontes de toda a gente tornam-se muito maiores. É como se estivéssemos a olhar estritamente só para nós e de repente, uau, é um mundo novo. E isso é muito entusiasmante”.

As entrevistas dadas pela equipa mais recentemente definem que este será “um período de transição para The Walking Dead”, como disse Robert Kirkman à Hollywood Reporter, a começar logo no primeiro episódio. Ninguém confirma que um dos grandes vilões da série, Negan, mesmo já com o actor contratado para o interpretar, Jeffrey Dean Morgan, estará na sexta temporada. O trailer para esta nova sequência de episódios, contudo, desfaz uma dúvida pelo menos: Negan será iminente.

A série não tem avançado de forma veloz em relação a longa série de livros já existente, e tem sido criticada em temporadas passadas pelo ritmo pouco expedito, pelo que a vontade de ver o vilão surgir pode não ter resposta imediata. Ainda assim, e embora não disponibilizados para Portugal, o canal responsável pela série, o AMC, já divulgou os primeiros quatro minutos do episódio em que Daryl, Sasha e Abraham, ainda no exterior de Alexandria, se debatem com um grupo de vilões – os sargentos de Negan.

Greg Nicotero, realizador e perito em caracterização que Quentin Tarantino tem sempre por perto, disse à mesma revista norte-americana que se aproxima “um grupo de pessoas temíveis”, que Rick não conseguirá dominar da mesma forma como fez com os seus adversários anteriores. E o showrunner Scott Gimple anunciou ao site Deadline que No Way Out, o episódio transmitido esta segunda-feira em Portugal, é acção claustrofóbica – “Leva-nos a uma situação de confinamento que tanto é emocionalmente explosiva quanto aterrorizadora com pessoas fechadas com um exército de walkers”.

Mais para a frente, a série não deve aliviar tensões. Andrew Lincoln disse à Entertainment Weekly que o guião do final desta sexta temporada o pôs, literalmente, doente. "Foi o primeiro dia em seis anos a trabalhar" na série, disse, "que me atrasei para ir trabalhar porque acordei a meio da noite e não conseguia adormecer. Estava tão zangado e frustrado e senti-me doente" depois de ler as páginas.

Outros vilões, como Jesus e Gregory, também farão aparições no futuro da série - e Daryl Dixon, a personagem que não faz parte dos livros e que é tão popular na série que um fã tentou mordê-lo, estará mais presente nesta segunda metade da série, garantiu o actor que o interpreta, Norman Reedus.