FC Porto fez prova de vida
“Dragões” triunfam sobre o Benfica por 2-1 e voltam à corrida pelo título. “Encarnados” continuam sem ganhar aos adversários directos. Sporting pode voltar a isolar-se na frente.
O Estádio da Luz nunca foi talismã para José Peseiro. Pelo contrário, sempre foi um campo maldito onde o treinador ribatejano nunca ganhou. Mas era de uma vitória que o FC Porto precisava, correndo o risco de ficar quase afastado da luta pelo título. E foi o que aconteceu nesta sexta-feira, com um triunfo portista de reviravolta por 2-1 frente ao Benfica em jogo que abriu a 22.ª jornada da Liga portuguesa. O Benfica, por seu lado, precisava de legitimar a sua candidatura com uma vitória sobre um adversário directo, mas o saldo da equipa de Rui Vitória neste capítulo continua a zeros, sendo já duas derrotas com os “dragões” e três frente ao Sporting, que, por seu lado, pode voltar à liderança isolada dependendo do que fizer hoje na Madeira frente ao Nacional.
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O Estádio da Luz nunca foi talismã para José Peseiro. Pelo contrário, sempre foi um campo maldito onde o treinador ribatejano nunca ganhou. Mas era de uma vitória que o FC Porto precisava, correndo o risco de ficar quase afastado da luta pelo título. E foi o que aconteceu nesta sexta-feira, com um triunfo portista de reviravolta por 2-1 frente ao Benfica em jogo que abriu a 22.ª jornada da Liga portuguesa. O Benfica, por seu lado, precisava de legitimar a sua candidatura com uma vitória sobre um adversário directo, mas o saldo da equipa de Rui Vitória neste capítulo continua a zeros, sendo já duas derrotas com os “dragões” e três frente ao Sporting, que, por seu lado, pode voltar à liderança isolada dependendo do que fizer hoje na Madeira frente ao Nacional.
Muito mudara desde que Benfica e FC Porto se encontraram pela última vez. Há cinco meses, o FC Porto era uma equipa a caminho da estabilização, o Benfica ainda navegava num mar de equívocos. Os “dragões” disparavam para o topo, as “águias” iam-se afundando na classificação. Mas isso foi no longínquo Setembro de 2015. Em Fevereiro de 2016, era o Benfica que se apresentava estabilizado e era o FC Porto quem andava à procura de um novo plano, com José Peseiro, depois de ter concluído que Julen Lopetegui não era a solução.
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Onde o Benfica estava mais forte era o que iria estar em contacto directo com o sector mais fragilizado do FC Porto. Um ataque demolidor contra uma defesa remendada. Um par de avançados experimentados como Jonas e Mitroglou contra uma dupla de centrais em que um deles era um jovem nigeriano de 19 anos que só tinha jogado na Taça da Liga e na equipa B. Uma luta desigual, era o que parecia. Era o que o Benfica queria mostrar desde o primeiro minuto, resolver cedo. E num primeiro momento, o FC Porto teria de saber resistir — e Maxi Pereira teria também de resistir à animosidade que os adeptos benfiquistas lhe iriam brindar neste seu regresso à Luz como adversário.
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Um exemplo. Em cada canto do Benfica, todos os jogadores do FC Porto recuavam para a a sua área e não ficava ninguém mais à frente, tal era o receio da capacidade ofensiva “encarnada”. Peseiro montou a equipa para não se expor demasiado.
Já Rui Vitória não mudou uma vírgula do que o Benfica costuma ser. Nem no “onze”, nem na atitude. Os cerca de 60 mil que estavam na Luz não esperavam outra coisa e quase celebraram aos 14’, não fosse o duplo falhanço de Pizzi, permitindo primeiro a defesa de Casillas e, depois, rematando ao lado. Mas os festejos não demoraram muito mais. Quatro minutos depois, abre-se um buraco na defesa portista, Renato Sanches pica a bola para Mitroglou e o grego faz o primeiro — foi o seu sexto jogo consecutivo a marcar.
Nesta época golo madrugador do Benfica tem sido quase sempre sinal de vitória gorda. Mas o FC Porto não é, nem nunca será, um adversário qualquer. Dez minutos depois do golo sofrido, os portistas nivelaram o resultado. Miguel Layún, o rei das assistências, ganhou o flanco e fez o passe atrasado para Hector Herrera, que, de fora da área e aproveitando um buraco na defesa benfiquista, bateu Júlio César. Era a conexão mexicana a trazer a equipa de José Peseiro de volta ao jogo.
Esta era uma situação rara para o Benfica destes últimos meses, um adversário que dava resposta. Mas o sinal mais ofensivo continuou a ser dos homens de Rui Vitória. Faltou foi a pontaria que os acompanhou em outros momentos. E na baliza portista estava Iker Casillas, que foi gigante em todos os momentos em que teve de intervir. E foram muitos. Ainda na primeira parte, parou um remate de Jonas aos 35’, na segunda parte seriam mais. Mas não foi só culpa do espanhol. Quando tiveram a baliza à sua mercê, tanto Mitroglou (35’) como Samaris (44’) atiraram ao lado. Corona também falhou o alvo da própria baliza aos 40’ e Brahimi esteve perto do 2-1 aos 37’.
Na segunda parte, o Benfica continuou ofensivo, mas foi menos intenso. Gaitán e Jonas tiveram oportunidades no mesmo minuto (53’), mas os “encarnados” já estavam a ganhar menos bolas no meio-campo e a conduzir mal as transições rápidas. O FC Porto já tinha outro espaço para se soltar um pouco mais e, aos 65’, numa bola ganha a meio-campo, consegue a reviravolta. Aboubakar, um goleador tantas vezes amaldiçoado pela sua falta de frieza, foi eficaz, após uma boa combinação que passou por Brahimi e André André e que terminou na concretização do camaronês. Reviravolta concretizada.
Vitória lançou Talisca, Carcela e Salvio (um regresso à competição nove meses depois), mas Casillas brilhou por mais três vezes (uma delas a um disparate de Martins Indi) e o resultado já não mudou. A luta a dois transformou-se numa luta a três.
A Figura: Iker Casillas
Foram, pelo menos, seis os momentos em que Iker Casillas salvou o FC Porto. Nada podia fazer no golo de Mitroglou, mas fez, e muito, no resto do jogo, incluindo uma extraordinária parada a um disparate de Bruno Martins Indi, que ia marcando na própria baliza. Depois de algumas exibições menos conseguidas, Casillas foi na Luz aquilo para que foi contratado, um guarda-redes que vale pontos. Não foi ele que marcou os golos do FC Porto, mas foi o homem-chave.
Aquele que o Santiago Bernabéu conheceu como “San” Iker durante mais de uma época tem tido uma carreira desigual no FC Porto. Tanto tem mostrado voz de comando e a classe de quem já foi considerado um dos melhores guarda-redes do mundo, como tem cometido erros de julgamento inacreditáveis para um homem da sua experiência e, nos últimos tempos, até se tem falado de uma possível mudança do espanhol para o “soccer” norte-americano, sendo que o principal impulsionador da sua contratação, Julen Lopetegui, já não mora no Dragão.
Mas o que fez ontem na Luz fez lembrar que na baliza do FC Porto estava alguém que já ganhou tudo no futebol. Foi campeão europeu e mundial, por clube e selecção, e não apenas porque tinha uma grande equipa à sua frente — parte do mérito, claro, também era dele. É indesmentível que estar no FC Porto é uma espécie de exílio dourado para Casillas, que deixara de ser um monstro sagrado tanto no Real Madrid como na “roja”. Só que Casillas, este que defendeu quase tudo frente ao Benfica, ainda não está pronto para a reforma.