Agência Espacial Europeia deixou de chamar pela File
Hipóteses de a sonda pousada no cometa voltar a contactar a Terra estão a “aproximar-se do zero”, diz responsável da Agência Espacial Europeia.
A sonda File “enfrenta a hibernação eterna”. É esta a expressão que a Agência Espacial Europeia (ESA) escolheu para, na prática, anunciar o fim dos contactos com o robô da ESA, pousado no cometa 67P/Churiumov-Gerasimenko, que agora se afasta do Sol e, por isso, vai ficando mais e mais gelado.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A sonda File “enfrenta a hibernação eterna”. É esta a expressão que a Agência Espacial Europeia (ESA) escolheu para, na prática, anunciar o fim dos contactos com o robô da ESA, pousado no cometa 67P/Churiumov-Gerasimenko, que agora se afasta do Sol e, por isso, vai ficando mais e mais gelado.
“As hipóteses de a File contactar a nossa equipa no centro de controlo estão, infelizmente, a aproximar-se do zero”, diz Stephan Ulamec, responsável pela missão da File no Centro Aeroespacial Alemão, citado num comunicado da ESA. “Não vamos enviar mais comandos e seria muito surpreendente se recebêssemos um novo sinal [da File].”
As condições no cometa são demasiado extremas para o aparelho poder activar as suas baterias a partir dos seus painéis solares. A temperatura à noite, na superfície do cometa, ronda os 180 graus Celsius negativos, uma temperatura que a File não está preparada para suportar, diz a agência noticiosa Reuters. E os cientistas pensam que os painéis solares do aparelho estarão cobertos com pó devido à actividade do cometa enquanto esteve próximo do Sol.
Tudo indica, então, que este é o fim de metade da missão Roseta, que nos últimos dois anos pôs o mundo a olhar para o espaço e já forneceu muita informação científica sobre os cometas.
A Roseta é a sonda “mãe” que continua a orbitar sem problemas o 67P, e vai manter-se em missão durante mais alguns meses. A missão foi criada em 1993 para investigar os cometas, a sua formação no início do nosso sistema solar e a sua importância para a vida na Terra. O lançamento da Roseta, que levava a File às costas, foi em 2004. Só passados dez anos, em Agosto de 2014, é que o aparelho atingiu as imediações do cometa 67P/Churiumov-Gerasimenko – que viaja entre a órbita de Júpiter e um ponto entre a órbita da Terra e de Marte.
A partir de Agosto de 2014, a missão Roseta acelerou. A sonda observou a topografia do estranho cometa cuja forma foi comparada com um patinho de borracha. Os cientistas da ESA escolheram o lugar para a File aterrar, o que aconteceu em Novembro de 2014, naquilo que foi um momento histórico para a exploração espacial.
Infelizmente, a aterragem não correu como o previsto. A File não largou o arpão para se prender ao solo do cometa e deu alguns tropeções e saltos até acabar perto de um desfiladeiro, com pouco acesso à luz solar. Aí, ainda trabalhou cerca de 60 horas, realizando 80% das actividades científicas programadas, com a energia que levava nas baterias. Depois, sem energia, adormeceu.
Os cientistas esperavam que, ao aproximar-se do Sol (o cometa atingiu o ponto mais próximo da nossa estrela em Agosto de 2015), a sonda voltasse a acordar. Isso de facto aconteceu. Em Junho, a sonda voltou a dizer “olá!”. Mas calou-se a 9 de Julho e nunca mais disse nada. Agora, é tempo de dizer à File: “Adeus.”