Papa reconhece "convergências" entre Vaticano e a Rússia

Antes do encontro inédito com o patriarca ortodoxo russo Kirill, a 12 de Fevereiro, Francisco diz que Moscovo "pode oferecer muito" para a paz no mundo árabe.

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O Ocidente deve fazer uma autocrítica sobre a Líbia, diz Francisco TIZIANA FABI/AFP

Poucos dias antes do encontro histórico com o Patriarca russo Kirill, no dia 12, o Papa Francisco deu uma entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera onde reconhece algumas “convergências” entre o Vaticano e Moscovo sobre os conflitos no mundo árabe. “A Rússia pode oferecer muito” em termos da paz mundial”, afirma o Sumo Pontífice.

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Poucos dias antes do encontro histórico com o Patriarca russo Kirill, no dia 12, o Papa Francisco deu uma entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera onde reconhece algumas “convergências” entre o Vaticano e Moscovo sobre os conflitos no mundo árabe. “A Rússia pode oferecer muito” em termos da paz mundial”, afirma o Sumo Pontífice.

O encontro – o primeiro entre o chefe da Igreja Católica e o líder da maior e mais influente das Igrejas Ortodoxas desde o grande cisma de 1054 – realizar-se-á em Cuba. Francisco, a caminho de uma visita que se espera emblemática ao México, fará a 12 de Fevereiro uma breve escala no aeroporto internacional de Havana, onde Kiril tinha já agendado uma visita oficial.

Interrogado pelo jornal italiano sobre os motivos desta cimeira no aeroporto com Kirilll, um patriarca próximo do Kremlin, o Papa sublinhou a importância de falar com os russos para manter a paz no mundo e enunciou o princípio de base da sua diplomacia: “É preciso construir pontes. Passo a passo. Até conseguir apertar a mão que está do outro lado."

Na semana passada, Francisco deu uma longa entrevista a um jornal asiático, o Asia Times, sublinhando o importante papel no mundo e a “sabedoria” da China. Desta vez, sublinhou que, tal como a China, “a Rússia pode dar-nos muito” para manter a paz, nesta “guerra mundial aos pedaços”, como se tem referido à guerra na Síria. Mas corrigiu: “Na verdade, já não é aos pedaços: é mesmo uma guerra.”

O Ocidente, diz o Papa, tem de fazer a sua autocrítica sobre a Líbia - e a Rússia opôs-se à intervenção neste país. “Nas Primaveras Árabes e no Iraque, podíamos adivinhar o que se ia passar. E em parte houve uma convergência de análises entre a Santa Sé e a Rússia. Em parte… É preciso não exagerar: a Rússia tem os seus próprios interesses”, sublinhou. 

“Mas se se pensa na Líbia antes e depois da intervenção militar contra o regime do coronel Muammar Kadhafi – antes era só um, agora são 50. Não se pode deixar de pensar, com uma ponta de apreensão, no que poderá acontecer se os EUA e a Europa resolverem atacar de novo o território da Líbia, lacerado pelo tribalismo e terrorismo islâmico”, frisou o Papa.