BE classifica operação na TAP como mero formalismo
Para os bloquistas, a solução encontrada pelo Governo "não defende completamente o interesse público”.
O Bloco de Esquerda classificou neste sábado a reversão para o Estado do controlo de metade da transportadora aérea TAP como mero formalismo, pois "não defende completamente o interesse público, em termos de decisões estratégicas e de investimento futuros".
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O Bloco de Esquerda classificou neste sábado a reversão para o Estado do controlo de metade da transportadora aérea TAP como mero formalismo, pois "não defende completamente o interesse público, em termos de decisões estratégicas e de investimento futuros".
"Esta notícia da quase recuperação do controlo público da TAP é um mero formalismo. Devia ser 51%. As partes privadas podem vir a ter a mesma participação social maioritária na empresa. Não defende completamente o interesse público, em termos de decisões estratégicas e de investimento futuros", disse à agência Lusa o deputado bloquista Heitor de Sousa.
O Governo do socialista António Costa vai pagar ao consórcio Atlantic Gateway 1,9 milhões de euros para o Estado ficar com 50%, em vez de 34%, das acções da transportadora aérea, podendo escolher o presidente do conselho de administração, que passa a ter voto de qualidade.
"Mesmo essa espécie de cláusula de salvaguarda está ainda por saber que contorno vai tomar. Em que condições poderá ser exercida? Esse voto de qualidade não está esclarecido", sublinhou o deputado bloquista, adiantando que o seu grupo parlamentar vai acompanhar os pedidos de esclarecimento já assumidos por parte de outros partidos para que o ministro da tutela esclareça o negócio na Assembleia da República.
Segundo Heitor de Sousa, perante os dados conhecidos até ao momento, "todos os direitos e poderes de decisão permanecem nas mãos do capital privado e há apenas uma recuperação aparente do controlo público" sobre a companhia aérea nacional.
Este novo acordo altera a decisão tomada pelo anterior executivo que, em Novembro do ano passado, assinou um acordo de venda directa de 61% do capital da TAP para os empresários Humberto Pedrosa (grupo Barraqueiro) e o norte-americano David Neelman (Azul Linhas Aéreas Brasileiras), que agora ficam com 45%, podendo chegar aos 50%, com a aquisição do capital à disposição dos trabalhadores.