China confirma a prisão de quatro editores de Hong Kong

Um quinto continua oficialmente desaparecido. Todos estão ligados à publicação de livros e folhetos denunciando a vida privada da elite política chinesa.

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Gui Minhai, à direita, num encontro do Pen Clube chinês DR

A polícia chinesa confirmou a prisão de quatro editores de Hong Kong que estavam desaparecidos desde Outubro. Lui Por, Cheung Chi-ping, Lam Wing-kee e Lee Bo trabalham para a Mighty Current, uma editora conhecida por publicar obras pouco favoráveis ao Governo de Pequim.

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A polícia chinesa confirmou a prisão de quatro editores de Hong Kong que estavam desaparecidos desde Outubro. Lui Por, Cheung Chi-ping, Lam Wing-kee e Lee Bo trabalham para a Mighty Current, uma editora conhecida por publicar obras pouco favoráveis ao Governo de Pequim.

A confirmação da prisão dos editores foi feita por carta enviada pelo departamento de segurança da província de Guangdong (Sul da China) à polícia de Hong Kong. Nela se afirma que Lui Por, Cheung Chi-ping e Lam Wing-kee foram detidos por "implicação num assunto ligado a um certo Gui", que por sua vez está "implicado em actividades ilegais no continente".

O caso de Lee Bo gerou polémica em Hong Kong pois este encontrava-se numa região autónoma quando foi detido, ou seja estava num local onde teoricamente a polícia chinesa não tem autoridade.

Um quarto editor e co-proprietário da Mighty Currents, Gui Minhai, que tem também a nacionalidade sueca, não regressou à China depois de ter partido para uma viagem à Tailândia. E um quinto também estava desaparecido, Lee Bo.

Nos meios culturais de Hong Kong acredita-se que estas prisões ocorreram porque a editora se preparava para lançar no mercado um livro sobre a vida amorosa do Presidente chinês, Xi Jinping. O autor da obra, Xi Nuo, que vive nos Estados Unidos, pediu à China para libertar os editores. "Eles não são os responsáveis, eu sou", disse numa entrevista à BBC.

Gui Minhai e os outros editores desaparecidos fazem parte da Sage Communications, um grupo conhecido por publicar livros e um pequeno jornal sobre a vida privada da elite política chinesa. Depois de ter chegado à Tailândia, Gui manteve alguns contactos com a família em Hong Kong, sem nunca revelar o seu paradeiro e despistando a origem da comunicação, conta o jornal The Guardian. Mas suspeita-se que, entretanto, tenha sido raptado pelo Governo chinês na Tailândia, uma vez que recentemente, diz a BBC, surgiu na televisão pública chinesa a assumir as suas "responsabilidades legais", 11 anos depois de uma condenação em Hong Kong devido a um acidente de viação.

Segundo uma investigação do Guardian sobre o paradeiro de Gui Minhai, um homem que não falava correctamente tailandês e que falava chinês ao telefone, contou que o prédio onde o editor vivia em Banguecoque estaria sob vigilância. Um dia, quando este regressava com compras de supermercado, pediu ao porteiro do prédio para lhe guardar as compras e partiu num carro. As imagens das câmaras de segurança que o jornalista do Guardian viu confirmam esta versão. Gui Minhai terá pedido ao porteiro para fechar as janelas da sua casa ou para entregar o computador a uma pessoa que lá iria passar. Posteriormente, o apartamento foi revistado por um grupo de quatro homens.

A Suécia já pediu oficialmente à Tailândia para procurar o seu cidadão que deixou de contactar a família ou o porteiro do apartamento onde vivia. Alguns dias depois da visita dos quatro homens, o Camboja anunciou que tinha deportado um grupo de 168 chineses envolvidos em esquemas ilegais relacionados com ligações telefónicas e Internet.

Estas prisões são, para a Amnistia Internacional, mais um sinal de que o Estado de Direito está "ameaçado" na China. No ano passado, o Presidente Xi Jinping lançou a operação Caça à Raposa, destinada a repatriar chineses considerados fugitivos e que são acusados de diversos crimes, desde corrupção a outras "actividades ilegais" .